sobre continuar remando

Ei garota, desculpa a bagunça pela mudança repentina nesse mar.

Nem eu mesmo sabia que por dentro desse peito corria esse oceano de energia.

Já tem uns dias que eu fico fazendo carinho na tua foto, só pra ver se diminui essa saudade que tá grudada no meu travesseiro e vai pra cama comigo toda noite. Eu ainda não lavei as minhas roupas que você usou no tempo que esteve por aqui. Tô usando elas estrategicamente espalhadas pelo quarto, pra que esse meu feng shui da carência me ajude a conviver com esse pedaço de ti que eu não consigo carregar comigo o tempo todo. Deixo nossos pedaços espalhados por ai só pra lembrar de tudo que a gente fez.

Hoje eu sei que uma coisa que você faz muito bem é falta. Faz falta ouvir sua gargalhada gostosa aqui no outro cômodo. Essa falta que faz não sentir o teu perfume impregnado no quarto enquanto me apronto pela manhã. Se fazendo presente apenas nas minhas conversas, que misturam fantasia e romance, mas que seguem embargadas de carinho quando acompanhadas do seu nome.

O balanço desse nosso barco vai ser intenso, mas paisagem é maravilhosa. Acompanha uma maré que agita quando menos esperamos e algumas vezes a sensação de enjoar vai pairar sobre nosso horizonte. Não podemos esquecer de remar, nem de entender que a força que trouxe até aqui é o caminho para irmos além. Separados da preguiça, diluída com os medos e elevando os sonhos em potências que ainda nem imaginamos descobrir. As glórias são as mesmas, as desculpas que costumam inovar e evitam as  belas surpresas que podemos encontrar desde que não paremos de remar.

Maruja, segura esse timão pra gente, pois se os dois caírem na água ao mesmo tempo deixamos essas ondas carregarem nossos corpos pra longe dessa confusão, que sempre fica com esse povo atracado na costa. Toda essa segurança de que eles sabem tudo da nossa vida, por conhecerem nossas memórias através de lagrimas. Deixaram de anotar o valor dos sorrisos, quase ao mesmo tempo em que pararam de devolver o troco errado que vinha errado. Pararam de desejar um bom dia, mas hoje enxergam mais do que os olhos podem ver. Contam que sabem quem devemos amar, com uma base definida por naufrágios que assistiram confortavelmente em terra firme.

Entendidos de mergulho, que nunca ousam se molhar.

Que não nos falte a força pra remar aliada com o desejo de enxergarmos nossos corpos ardendo pelo mundo lado a lado. Que possamos entender que a gente também sente saudade ao ponto de dar frio na barriga antes do encontro. Que esse frio na espinha que tanto nos arde possa voltar mais intenso do que naquelas primeiras fagulhas que assistimos queimar esquentando nossos corpos. Que não nos falte vontade de traçar a nossa própria rota de navegação. Principalmente por esses mares que sempre soubemos que atravessaríamos Pois a única certeza que temos é que até mesmo as tormentas desse mundo, podem ser perpetuadas como uma boa esperança. Depende apenas do plano.

De quem escreve. E de quem lê.

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autor_jorge

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