tudo acaba bem.

Sonhei com você. E sim, foi lindo como sempre. Acordei feliz, mesmo sendo bem antes do despertador tocar. Acordei sorrindo o seu sorriso, afinal, sorrir ao acordar era algo tão comum e tão fácil de se fazer com quando acordava ao seu lado. Caminhei pela casa, rindo sozinho, comecei a arrumar a bagunça da noite passada. A camisa amassada ainda estava banhada pelo perfume que você me deu, que desde então não consegui parar de comprar. O relógio jogado no canto da mesa era aquele mesmo que você me deu. Mal começou o dia e eu já sabia que estava fadado a cruzar com lembranças tuas até o cair da noite. E acredite, eu estava absurdamente feliz com isso. Você sempre me fez tão bem.

Enquanto estou no banho o despertador do celular toca, saio correndo, escorrego, caio abrindo a porta do banheiro, corro e desligo todo atabalhoado para não acordar quem ainda dorme na casa. Molho não só a tela do celular, como também todo o caminho percorrido do box até a mesa de centro da sala. Tudo tão perfeitamente desastrado que parecia ser escrito por você em papel de pão com caneta rosa, deixado sob a mesa para ser seguido como um roteiro de cinema. Encantadoramente catastrófico, como fomos eu e você.

Aguardando o elevador do trabalho, segurei a porta para uma garota que estava visivelmente ansiosa. Não sei se com uma noticia que aguardava, ou algo que estava para acontecer. Dentro daqueles pequenos metros quadrados caminhou sem direção ou ordem, gesticulava e fala baixinho, quase mudo como se ensaiasse algo. Foi então quando me escapou um sorriso sincero, tímido e orgulhoso por ser o único espectador daquele monólogo louco que duraria exatamente vinte e seis andares até o térreo. Mal o elevador apitou que chegou, ela saiu em disparada, por algum momento pensei que as catracas haviam sido ignoradas, os cabelos ao vento, deixavam um rastro pelo ar, que tinha como linha de chegada os braços de um jovem de cabelo emaranhado, parado na porta de vidro do prédio, que a esperava de braços abertos. Um beijo rápido já é atrapalhado pelas palavras que parecem se atropelarem, no meio de beijos, respirações ofegantes ela mistura tudo e consegue dizer que conseguiu. Ele a abraça. De uma maneira tão perfeita, que parece perfeitamente que nasceram assim. Ela conquistou algo. Ele a conquistou. Ela era a maior conquista dele. E a maior conquista dela era poder ter ele ali para o que viesse.  Guardo você com os mesmos brilhos nos olhos e o mesmo abraço que o daquela garota. Era o melhor abraço do mundo. Mais uma vez naquele dia de sorrisos, eu sorri.

E fui voltando pra casa, o som suficientemente alto me faz companhia dando apenas espaço para as lembranças que me fazem conversar sozinho com você. Conforme vou descendo pela serra do mar vou fazendo praticamente o sol se pôr à força, vou vendo pouco a pouco o céu se forrar de estrelas e iluminar naturalmente a cidade. Entre sol e estrelas, curvas e músicas. Finalizo minha viagem solo ao som da música que chamávamos de nossa. Aumento e canto tão alto que posso ter certeza que você está me acompanhando nem que seja nas palmas, como você adorava fazer. E no embalo dela vou apenas ratificando o quanto tudo foi milimetricamente perfeito e necessário na nossa história. Inclusive o fim. Olhar o hoje e ver que você continua com a sua essência de menina. Sorrir com o que aconteceu, afinal, eu te amava demais para querer te estragar.

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autor_jorge

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