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“De todas as coisas que o mundo faz, dar volta ainda é a melhor delas” é impressionante o sentido que essa frase tem com tudo. Parecia um sorriso igual aos outros, parecia que aquele olho brilhava pra ele naquela noite, parecia que tudo ia dar certo. Mas quis o destino que o seu relógio atrasasse, que ele demorasse, que o tempo passasse e que alguém o antecipasse. Nessas horas onde o mais sensato fosse sair, largar, esquecer, ele se foi só de corpo, algo lá dentro resolvia se manter. Ironicamente ou não, sua cabeça ainda parecia não aceitar o tempo que passou, o porquê demorou, queria voltar alguns minutos no tempo, pra ao invés de ter ido até o bar, ter ficado um pouco mais pra conversar. Ai ai essa tal de pressa.

Esse tal jeito acelerado com que se leva tudo, que pulam as etapas, que se casam em baladas, que dizem “eu te amo”. Que se trava no trânsito, que se almoça mal, que se trabalha muito, que se paga mal. Mundo em que se vive intensamente, mas não se vive. Mas ai o mundo gira, a galera delira, as mina pira, descem mais uma garrafa de tequila e termina o dia. Naqueles bons momentos de paz, parece que tudo agora satisfaz e se esquece do que passou alguns dias atrás, pra poder tentar um pouco mais. E agora o tempo não atrasou, a menina chegou, ele esperou, ela acenou, ele brincou, ela sorriu e ele adorou. O tempo passava, a noite esvairando, o dia clareando, os argumentos continuando, os “nãos” só se firmando, o fim se aproximando. Mas quem um dia ira dizer, que antes do dia amanhecer, um presente dele ela iria ter, deixando com ela, a única coisa que o deixava realmente ver. Romântico, malandreado, maloqueiro, apaixonado.

Mas tem hora que o dia parece que gira de lado, parece até que é quadrado, fazendo você deixar de achar que é malandro e perceber que age como um retardado. Não consegue entender onde errou, tinha a certeza clara de que estava dando show. Quando na verdade não, caminhava cada vez mais distante da sua almejada direção. E ai ele se encontram do nada, numa festa animada, com bebida liberada, o problema é que enquanto ele ia, ela estava de chegada. Ela pergunta se ele já vai, ele faz charme, ela não da trela, é inacreditável, parece que o personagem dele só se fode nessa novela. Engraçado, que ela parecia fugir dele, ele não aceitar isso é normal. Mas ele concorda que se fosse no lugar dela, também fugiria. E foram se abrindo as mentes, foram se conhecendo mais, quanto mais ele tentava, ela brincava mais e mais. E ele se irritava, batia no peito que não, do outro lado tranquilo, ela continuava vivendo seu mundo colorido com as amigas e curtindo um bom som.

E então dela, ele recebia um “Oi”, que parecia ser entregue por anjos e vir com um cartão. Ela perguntava se estava tudo bem, ele dizia que sim o que na verdade era não. E então aquela noite do meio de semana, foi diferente do que se já se viu, o avisaram que o “não” seria repetido, ele disse que já sabia e mesmo assim sorriu. Confiante e incansável, realmente, ele tentou. E como um ponta de time grande que bagunça os laterais de times pequenos, ela passou. Fez o que quis, nó tático, ganhou fora de casa e em casa. Duas vitórias em dois jogos, sem sofrer perigo algum de reação. Só que então, aquele sorriso não era comum, aquele brilho no olhar era realmente diferente. Era pra que ele caísse em contradição, pra aprender a falar não. Pra não brincar mais com coração, pra ser um bom menino e ter cuidado com o mundão. Pois ele continua a dar voltas e voltas e já dizia Nando Reis. “O mundo é bão, Sebastião”

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autor_jorge

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