aquela música

Às vezes toca aquela música do Pearl Jam na rádio. No primeiro acorde eu mudo de estação,ou desligo, ou penso em algum método rápido e indolor de morrer.
Apenas uma coisa é inevitável nesta situação: pensar em nós, aquele dia no bar.
Essa música começou a tocar e você, sempre tão espontâneo, chegou de repente e enlaçou meu corpo por trás – nunca vou esquecer dos pelos dos meus braços eriçados por sentir tuas mãos na minha cintura – e disse bem no pé do meu ouvido direito:
– Dança comigo?
– Eu danço com você até que meus pés estejam tão gastos a ponto de não conseguir me manter de pé. – era o que eu gostaria de ter respondido, mas, “vamos sim”, foi o que eu disse.
Você pegou na minha mão esquerda e me girou 180° para a direita, coloquei as duas mãos no teu peito, minha testa tocava teu queixo, olhei para cima, me vi nos teus olhos.
Você cheirou meus cabelos e fechou os olhos.
– Que tipo de homem hoje em dia faz isso assim, sem medo de ser visto? – pensei.
Cheirou, fechou os olhos, e sorriu um sorriso bobo, sem dentes, desses que derretem os corações mais frios e gélidos.
Depois abriu os olhos e segurou meu rosto nas mãos, com cuidado e delicadeza. Olhou por alguns segundos e sorriu novamente, sorriu como se nada no mundo pudesse deixá-lo mais feliz do que estar ali comigo, exatamente ali.
E assim ele desarmou todas as minhas defesas, derrubou meus melhores soldados e invadiu o meu castelo sem deixar resquícios do portão que outrora havia ali.
Dançamos a noite inteira e, vez ou outra, entre gargalhadas e olhares, pedíamos para repetir a música, a nossa música, nossa valsa.

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Kamila Drieli

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