Se as declarações nas redes sociais são mais intensas do que as ditas ao pé do ouvido, não é amor.
Se postar fotos é mais importante do que desfrutar da companhia que está ao teu lado, não é amor.
Se você enxerga o outro como um tipo de propriedade privada sujeita às suas ordens, não é amor.
Se você interfere nos gostos, vontades e desejos do outro de forma a tentar transformá-los em algo que você considera correto, não é amor.
Se você tem medo que o outro saia sozinho, encontre os amigos, conheça novas pessoas, tenha vínculos fora do relacionamento, não é amor.
Se você ofende, agride, maltrata, humilha e molda, não é amor.
Se você diminui, descredita e desconfia, não é amor.
Privação não é amor.
E – bem longe do amor – se multiplicam os laços abusivos, tudo hoje em dia configura algo parecido com detenção de poder:
– Meu namorado sair sozinho? Nunca!
– Minha namorada usar uma roupa dessas? Jamais!
– Não gosto daquela sua amiguinha! Não quero vocês de papo.
– Amigo? Duvido. Não existe amizade entre homem e mulher e acabou.
Escuto esses discursos todos os dias.
Todos os dias me assusto com a cegueira na qual nos imergimos gradativamente.
Todos os dias as pessoas se esforçam para controlar e, sem perceber, perdem o controle sobre si: A cada esforço para aproximar o outro, você se afasta um pouco mais de quem você realmente é.
Quando você deixa de fazer algo que gosta para agradar alguém, você se embrenha num ciclo vicioso de posse e ego.
Poder não é amor.
Amor é algo parecido com voar ao lado de alguém que, por acaso, encontrou a mesma corrente no vento. Amar é parecido com a sensação de comer brigadeiro com colher de pau direto da panela, é tipo andar de bicicleta olhando pro mar, é não ter necessidade de provar.
Amar é ter o direito de não ser julgado, de ser admirado por coisas que considerava corriqueiras.
Amor é quando você sabe que pode fazer o que quiser e que tal decisão está exclusivamente sob o seu julgamento. Você decide o que quer, e o outro te apoia por isso. O outro apoia teu livre arbítrio.
Amar é querer ver o outro feliz independente de onde ele esteja.
Amar é emprestar os ouvidos pros lamentos passados, é mostrar que estará sempre ao lado quando preciso. Sendo namorado ou amigo.
Quem ama de forma genuína entende a impermanência das coisas. Entende a armadilha que se esconde em tentar mudar outra pessoa. Quem ama não precisa desse peso.
Amar é abrir mão do egoísmo e deixar que o outro seja quem quiser.
Amar é ter fé.
