Autor: Jorge

Eu não concordo com as suas atitudes. Acho que pra ser sincera na maioria delas nossas idéias divergem. No final complica pra mim. A sua risada harmoniza com a minha. A gente gargalha da nossa própria bobeira, de como pensamos diferente e mesmo assim somos tão iguais. Amiga eu queria dizer que eu já sou birrenta. Mas você já sabe. (Aliás, acho que foi você quem me contou.) Queria dizer que vou estar do seu lado nesse e em outros natais. Mas esse eu quero que seja especial.

Quero agradecer por ter estendido sua mão quando eu tanto precisei. Por estar sempre ao meu lado e dando singelos passos na minha frente pra poder me proteger. Amiga, eu queria dizer que eu aprendi com você a cuidar da minha felicidade. A segurar o meu sorriso por mais tempo. Você me ensinou a guardar segredos para poder conversar num futuro com você apenas por olhares. Amiga, eu acho que sei se você não está bem pelo jeito que você pisca, sabia?
Toda a minha loucura ao teu lado eu repetiria. Contaria para os meus amigos do trabalho, filhos e meus netos. Guardaria dentro do peito. Pois se começasse a enumerar as nossas histórias em pedaços de papel, teríamos que decidir qual o nome da trilogia do nosso livro, meu amor.

Mas que seja assim hoje e sempre. Você é diferente. Irrita até sambando descalça. Quero que a sua felicidade continue iluminando essa minha trilha que a gente chama de vida. Amiga, eu queria que você soubesse que toda vez que eu converso sozinha, eu imagino que você está ouvindo.

Nunca te contei. Mas eu queria ter metade da sua coragem. É que muita gente covarde prefere chamar de loucura. Mas ninguém paga as suas contas e muito menos acompanha suas quedas. Mesmo assim, acreditam que tem o direito de palpitar em como você comemora suas vitórias, não é?

Obrigado pelos momentos desse ano em que eu tive o prazer da sua companhia. Você ensina agindo naturalmente. Aposto que você nunca reparou nisso. Mas você planta o seu jeitinho em cada um. Você é tão apaixonante que todo mundo sente vontade de ter um pedacinho de ti. É bem complicado não ficar encantado quando você sorri.

Aliás amiga, o mundo agradece muito, toda vez que você sorri.

miga, sua louca, Feliz Natal.

Não seja um babaca. Pronto. Simples assim. Você não sabe como? Eu e todas as mulheres do mundo vamos te ensinar! Primeiro, eu não sou tua gata. Eu não quero te dar um beijo. E eu não tô disponível por que meu vestido é curto. Segundo, vira homem e vem educadamente falar comigo.

Boa noite, tudo bem, posso te pagar uma bebida? Essas coisas devem ser ditas. Terceiro, você me pegar não te caracteriza como fodão. Caracteriza a mim como uma mulher que quis te pegar. Quarto, se transar, não foi por que você me comeu, pra começar, quem come sou eu, foi por que eu quis e você era consideravelmente legal. Quinto, eu sei que você não vai me ligar no dia seguinte. Sabe por que? Você nem pediu meu telefone. Quiçá, nem meu nome lembra.

Sexto, a gente também só quer foder às vezes! Sétimo, se você pegar meu telefone e ligar no dia seguinte, já sei que a transa foi boa. Nós também avaliamos o sexo que vocês fazem, acredita? Oitavo, se eu aceitar, parabéns! Se não, chora na cama que é lugar quente. Nono, não são só vocês que analisam as mulheres pelo corpo. Pois é, nós adoramos bundas, abdômens, pernas, mas, diferente de vocês, temos um outro ponto para analisar. Décimo, não adianta ser legal, bonito, inteligente, e ter um pau sem carisma!A gente vai até tentar, mas uma hora sentiremos falta de algo mais empolgante.

Décimo primeiro, é, a gente gosta de sexo! E sim, não fizemos isso com você pela primeira vez. Décimo segundo, pode flertar com as amiguinhas da faculdade, do trabalho, do condomínio, só não me deixe saber. Se eu tô contigo, eu realmente estou. Se eu quiser outro cara, eu vou falar pra você. Décimo terceiro, eu não ligo para aquelas três palavras clichês ‘Eu te amo’. Eu ligo quando você me acorda de manhã com um telefonema de bom dia.

Décimo quarto, eu era assim antes de você, continuarei assim. Não tente mudar, podar, moldar quem eu sou. Vem comigo e sejamos livres, juntos. Décimo quinto, se você chegou até aqui, grande começo. Embora pareçamos superficiais, vazias, consumistas, complicadas e loucas, não somos tão diferentes de vocês. Somos iguais, um pouco mais sensíveis, um pouco mais frágeis, mas só externamente. Por dentro aguentamos poucas e boas, desde que nascemos até hoje. Todos os dias.

Quando quiser ter uma mulher, aprenda a não ser um babaca. Nós não precisamos mais casar e ter filhos, cuidar de casa, perder a voz. Quando uma mulher permanece contigo, não tem outro motivo, ela quer. Não é tão difícil, é só dar valor!

Todo dia é a mesma coisa dentro do meu quarto, eu acordo no meio da noite e assisto meu sono ir embora pela porta. Tem vezes que eu acredito que ele parte pra tentar encontrar o seu sorriso. Pelo menos, era isso que eu faria se pulsasse um pouco mais de coragem dentro do meu coração. O problema que toda vez que ele vai embora, antes da porta fechar, tenho uma infeliz sorte deixar o silêncio entrar. Todo errado. Esbarrando nas coisas em forma de vento. Deito devagar e me cubro. Digo baixinho que vai ficar tudo bem. Já te contei que toda vez que eu converso sozinho eu imagino você ouvindo, né?

O meu sono saí pela cidade sem nenhum agasalho. Não tem frio de São Paulo ou calor da Bahia. Toda vez que eu tenho a certeza de que vou esquecer você, no meio do meu sono, sua voz resolve fazer a trilha sonora do meu pensamento. Mudo de posição na cama. Sem sucesso caminho até o sofá. Essa noite eu durmo nele. Vou deixar a televisão naquele canal que você odeia, num volume que minha vizinha possa escutar. Talvez assim essa saudade de você tome um susto e suma. Ou então você volte pra me dar uma bronca e me mandar deitar em outro lugar.

Mas meu amor eu já tentei de tudo. Expliquei pra minha cabeça que essa sede do seu beijo não vai passar tão cedo. Disse que eu desejei aprisionar o teu sorriso dentro das minhas janelas e você queria a minha companhia pelo mundo. Que eu procuro defeito em todas que tentam apagar seu rosto da minha memória. Que não tem massagem que faça passar essa dor de não ter conseguido ser tua companhia quando você resolveu caminhar em direção da tua felicidade. Preciso te contar que me enforquei na minha preguiça e essa dor anda insuportável de uns tempos pra cá.

Ninguém me ensinou que no final do nosso conto não seriamos mais um par. Ainda procuro seu olhar e só encontro a sua ausência. Mas toda vez que me desespero. Tenho a lembrança da sua gargalhada presa. Você me dizendo pra que eu pare de reclamar e acredite que no final as coisas vão dar certo. Doí tanto, que tem vezes que eu tenho vontade de rasgar meu próprio peito só pra poder encostar um pouco em você. Eu tenho certeza que você fica aqui dentro, sabia?

Então eu resolvi namorar meu ego. Engolir seco, todas essas fotografias que eu não consegui rasgar. Guardei todas dentro da minha memória e da gaveta que você batizou de sua quando pisou aqui em casa pela primeira vez. Organizei na minha agenda um espaço pra te acompanhar de longe sendo feliz. Desbravando corações e o mundo. Sucesso é uma palavra bonita, criada por um preguiçoso que definiu as conquistas de alguém focado como sorte. Você focou em trabalho. Eu foquei em você.

Sorte do mundo corporativo.

Azar o meu.

Eu passo todo os dias na sua frente, mas você sorri bem rápido pra mim. Não é arrogância. É natural. A gente não se conhece direito. Você vive uma vida agitada de uma cidade louca. Eu vivo um pedacinho do meu dia te contornando com os olhos e você nem repara. Depois eu sigo o fluxo da minha pista e começo a viver. Não precisa ficar assustada. Eu sou discreto. Talvez você até imagine mas nunca vá perceber. Eu te admiro, todo dia um pouquinho do seus detalhes. O meu dia só fica bom depois de trocar sorrisos com você.
Você fica linda quando veste azul. Não sei se é pelo contraste que a cor tem com seus olhos. Mas realmente é hipnotizante. Acho que toda vez que você veste azul, o céu aceita ser, pelo menos naquele dia, a segunda coisa mais bonita naquela cor. Sua franja até evita cair sobre seus olhos nesses dias, reparou? Ninguém quer atrapalhar o seu encanto.

Gosto do branco e quando ele cai sob o seu corpo. De uma forma leve e limpa, ele desenha você. Toda vez que você aparece de branco, eu tento procurar as asas que você insiste em esconder. Você caminha sorrindo enquanto escuta música. Meus olhos ficam meio vidrados, de tanta luz que vem de você. Até arrepia quando eu conto, consegue perceber?

Mas tem vezes que você vem de vermelho. Menina, até coloco minhas mãos no bolso, pra tentar controlar um pouco essa minha vontade de encostar em você. Nessas horas, eu queria suspirar no mesmo ritmo que você, tatuar o seu perfume na minha roupa e deixar meu coração sussurar no seu ouvido. É isso que chamam de abraço, né?

E tem dias de chuva que você vem de preto. Esses dias são aqueles em que as nuvens saem pelo mundo fantasiadas de você. Pingando em rostos pelo mundo que para os que precisam. E onde não passa, dá até uma tristeza por não lhe ter. Amargando no peito uma lição pra que possamos aprender. Imagina que louco, se toda chuva que caísse eu pudesse dividir o meu guarda chuva com você? Eu aprenderia a mais eficiente dança das chuvas, só pra poder me molhar com você.

Talvez eu esteja apaixonado, mas só colocando no papel o que eu tenho vontade de te gritar todo dia, eu consegui entender. Que bom que só trabalhamos em direções opostas e nos cruzamos todo dia indo pro trabalho, quase juntos em lados opostos e tentando assistir o sol nascer.

Você trabalha no Sul. Eu na Norte. Mas quando a lua aparece, da janela do meu quarto eu bato palma pra você. Morar sozinho no centro deve ser isso, ter que conversar com você por um celular, pra gastar meus créditos de alegria no final de semana mimando você.
Só pra constar, a cor da minha camisa social hoje é vinho. Precisava dizer. Você vai me perguntar qual cor de esmalte eu prefiro. Então eu já contei a cor da camisa que vai amanhecer em você.
Hoje vamos jantar as 20:00.
To com saudades de você.

Não é nada demais. É só mais um texto falando mais do mesmo como todos os outros.

Não é nada demais, mas é pra você.

Acordei com vontade de falar sobre os teus olhos e de lamentar por todos que não puderam te ver.

Eu lembro do primeiro dia, do sétimo e do último.

Lembro que quando nada mais parecia possível de sentir você chegava e beijava minha nuca, me apertava pela cintura e dizia baixinho no meu ouvido “Calma pequena, eu tô aqui!” E nesse exato momento o mundo se tornava um lugar calmo e bonito, como sempre deveria ser!

Eu sinto muita saudade da textura das tuas mãos.

Que bobeira a minha!

Geralmente as pessoas sentem falta dos abraços, beijos, pele…
Eu sinto falta do som da tua respiração enquanto dormia do meu lado.Quando vou tomar banho costumo ligar o chuveiro e fechar os olhos. Às vezes sussurro alguma canção, às vezes só penso no que fiz da minha vida enquanto sinto a água acariciar meu rosto. Independente do que eu faça, sempre acabo sentindo a tua ausência. Até arde.

Adorava acordar cedinho e te ouvir no banho. O barulho da água caindo no teu corpo sempre foi a mais bonita sinfonia. E claro, nenhum homem poderia tê-la escrito.Pode parecer presunçoso, mas quero que seja também um texto bonito, mesmo sendo parecido com tantos outros por aí. O mundo anda apressado demais, as pessoas esqueceram o que realmente importa. Criamos um milhão de objetos que nos afastam, nos isolam. Esquecemos o gosto, o cheiro e o milagre de estarmos vivos, de podermos existir. Perdemos a memória e agora o Facebook nos lembra do passado e nos pegamos lá, bobos, olhando para acontecimentos que nem parecem ter feito parte da nossa vida.

Quanto falta para perdermos completamente a humanidade?

Quanta falta para esquecermos totalmente como é amar?

Engraçado, eu também sinto saudade do teu cabelo. Do cheiro e das ondas inexatas que ele fazia quando chegava perto da tua testa, como se tivesse medo de cair da borda.

Além de tudo, eu ainda sinto falta do teu suor. De como ele insistia em pingar sobre mim quando estávamos abrasados, queimando tudo que nossos corpos tocavam, formando lagoas sobre minhas curvas, transformando meu umbigo em taça, encharcando lençóis de nós…

Eu sempre vou lembrar.

Eu sempre vou sentir.

Quando você pensa nele, do que sente saudade?

Pode parecer patético, utópico ou abstrato demais, mas, pensa bem, você tem certeza que já amou alguém?

Nossas verdades se formam ao longo do tempo, de acordo com tudo que vemos, ouvimos e aprendemos.

E sendo conivente com o meu passado, eu escolhi seguir só. Resolvi abrir mão do ônus e do bônus dos amores.

Não escolhi não amar. Escolhi não deixar o amor transformar-se em algo diferente de amor.

O que significa que preferi estadas passageiras. Moro em ti por um dia, quiçá um fim de semana. Eu me entrego, você se entrega. A gente se ama, se encaixa. Depois, no dia seguinte, dois dias depois, se despede com uma única certeza: Não vou mais te ver… Mas nunca vou te esquecer!

Às vezes é mais bonito assim, feito amor de metrô. Você vê o cara e imagina todo um futuro ao lado dele. Sabe como é? Visualiza uma casa, um jardim e filhos. O sorriso dele, teus olhos. Desenha perfeitamente na cabeça o homem do metrô sentado no sofá, livro na mão, enquanto você o observa da cozinha, no meio da preparação do almoço de domingo. Pensa na sorte que tem e, enquanto imagina, você cogita a possibilidade de falar com ele, pedir um telefone talvez, mas não. Você continua sentada olhando. Só olhando pra não estragar. Imagina que ele possa ser fanho, ter bafo. Melhor manter as cores que a imaginação pode oferecer. Ele desce e pronto, nunca mais vão se ver.

Minha filosofia funcionava. Meu coração teve tempo pra se recuperar, teve tempo pra esquecer. Funcionava, até te conhecer.
Não vou esquecer aquela sexta feira. Ainda que eu quisesse, não poderia. Não vou esquecer do beijo, do toque e, principalmente, dos olhos que jogaram todas as minhas teorias por terra.
Me perdi.

Me questionei.
Um fim de semana foi pouco pra ser tua, para sermos nós. Assim decidimos ir, dia após dia, até aqui. Quinta feira, chuva.

E meu coração florido como se fora primavera.

E teu cheiro entranhado na pele do meu jardim.
A filosofia que me releve, mas quando o amor bate na porta na hora certa, não tem choro nem vela. E independente de quantos amores eu tive, independente de todos os amores perdidos, o melhor de todos é esse, o correspondido.

Queria te agradecer por me mostrar que o amor resiste ao fim de semana…

Queria te agradecer aqui mesmo, deitada na tua cama.

Na verdade, nem faz tanto tempo assim. Foi pouco depois de ter encontrado um vestido que ela tanto procurava e quando ela perguntou pra você se estava bom, você se preocupou só em observar se não cabia mais um palmo de comprimento nele. Foi quando sua mão encaixava com a dela e mesmo assim parecia estar pesada, como se carregasse uma mala e não um amor. Ela partiu quando os ouvidos dela não eram mais o lugar onde você contava suas conquistas em primeira mão.

Não sei se eu comentei sobre saudades, mas é que ela sempre usava o seu nome então vocês viraram quase sinônimos aqui pela vizinhança. Que ela cantarolava sua música preferida toda vez que regava as flores dela. Ela brincava que elas eram lindas como você e que ela cantava pra que elas crescessem com o seu gingado. Acho que ela partiu quando descobriu que seus olhos não brilhavam tanto pra ela, quanto os dela brilham falando de você. Ela não partiu quando soube que você não se entragaria pra ela. Mas sim quando você começou a exibir como troféu. E não como amor.

Mas parece que as coisas estão boas pra todos os lados. Você provavelmente a procurou por sentir algum vazio dentro de você. Não sei se de carinho ou de companhia, mas independentemente de qual seja, foi da dela. Foi de passar o resto da tarde com o perfume adocicado dela na sua camisa. Veio sem rumo e desesperado, no meio de uma noite fria de segunda.

Ela sempre foi boa de garfo e andei sabendo que você adorava comer. De todas as coisas que você poderia apelidar com o seu sabor, deixou que ela se acostumasse logo com o gosto da sua ausência. E pode parecer difícil agora no começo, mas vai passar. Doendo pra você agora, quando ela está longe. Doeu nela com você tão perto. Trágico não?

Mas pode ficar tranquilo, ela partiu sem fazer alarde. E quando partiu, só era elogios sobre você. Partiu por amor próprio, quando entendeu que não se ensina ninguém a se apaixonar. Pois aprendeu com a vida que todo mundo planta uma semente no coração do outro, algumas terras só são mais férteis que outras. Algumas florescem. Outras não. Alguns amam. Outros não. Nunca foi sobre regar. Seja com água ou com álcool. Nem sobre o vento, da respiração que foge ou dos suspiros de encanto. É sobre uma semente que nunca vai desabrochar dentro de você.

Ela partiu, como os pássaros fazem quando os ventos não sobram ao seu favor. Seguiu, não sumiu. Cresceu, não venceu. Ela nunca te considerou um desafio pra se consagrar vitoriosa quando terminou. Levou na mala algumas fotos de vocês e uma lembrança que vocês acabaram comprando em uma viagem. Um punhado de sementes suas e aquele anel que ela adora. Partiu por ter o direito de ser feliz. Pois pra sua flor ela já não tinha mais água, nem paciência.

Se ela ainda não floresceu com você. Não é na ausência que vai.

Essa saudade repentina, é ela enraizando dentro do seu peito.

Passa em breve.

Esses dias quando cheguei em casa, meu porteiro me entregou um envelope marrom. Era um par de ingressos para um coquetel. Uma marca de roupas vai lançar a coleção da próxima estação, vou ouvir algumas horas de papagaiadas e tentar dobrar o meu número de contatos distribuindo cartões a cada aperto de mão. O típico evento em que eu adorava ficar o mínimo possível. Afinal eu odeio moda, diferente de você. Eles vão encerrar o desfile com uma apresentação de um show que a gente nunca foi. O problema que esse cara cantando me lembra muito você. E isso me preocupa.

Me preocupa pois eu não preciso de uma música com o seu nome pra lembrar do seu cheiro. Pois ele seria a trilha perfeita pra todas as viagens que a gente sempre mirabolou mas nunca fez. Me arrepia pois hoje ele toca no som do meu carro entre as músicas principais e provavelmente é o mesmo álbum que você ouvia sem parar na época da faculdade. Mesmo gosto, mesma vontade sintonizada em tempos diferentes. Até parece um pouco familiar, né?

Quando você foi embora, eu escutava de todo mundo que “cabeça vazia é oficina do diabo”. Então só pra te esquecer, eu resolvi abraçar o mundo, morrendo de vontade de abraçar você. Lotei os meus dias com afazeres sortidos, só pra não ter tempo de pensar nos seus olhos. Inventei de aprender a tocar violão. Queria aprender a tocar uma música desse cara, só pra você ficar me namorando de longe em algum luau. Em resumo, não aprendi a porra da música, não te esqueci e ainda virei mais fã desse cara.

Virei fã, pois ele conseguia falar por mim. Mesmo eu querendo que ele ouvisse por você. Virei fã, pois quando cantarolava as suas letras eu sentia você encostando no meu ombro e dormindo gostoso enquanto eu dirigia pra casa. Virei fã, pois eu tento odiar você todo dia e a única coisa que eu adoraria fazer era mandar meio mundo pro inferno e te colocar dentro do meu abraço outra vez.

Então hoje eu escrevo com um arrependimento de nunca ter deixado você ouvir que toda música de amor que toca me lembra você. De nunca ter te apresentado pra minha família, só pra ver você ficar vermelha e sem graça. Aquele jeito que você fica tão linda que eu tenho vontade de te guardar em um pote. Que me arrependo de não cantar nenhuma música dessas abraçado com você, só pra sentir seu corpo arrepiar enquanto eu falava ao teu ouvido. Triste, pois a sua saudade era linda e eu queria preencher com amor. Alimento até hoje com orgulho. Virou rancor. E agora, como eu te explico a minha dor?

Seja ela pra sempre.
Ou só por um momento.

Saudades.

Eu estava andando numa rua vazia. Apenas outdoors, alguns postes e faróis iluminavam meu caminho. Um fio desencapado produzia faíscas que caiam no asfalto úmido.

Imaginei um milhão de tragédias relativamente possíveis de acontecer com uma mulher sozinha andando nas ruas da cidade às 4 da manhã de uma quinta feira cinzenta. Mas, acredite, realizei o trajeto, sem nenhum problema, com sucesso!

Ao chegar em casa tentei lembrar quantas doses bebi. Não consegui.
Depois tentei lembrar quantas lágrimas caíram dos meu olhos. Também fracassei.

Me diz, me explica por favor o motivo de não poder estar agora deitada no teu peito? Me diz qual é a teoria que explica o fato de eu não estar agora dentro dos teus braços?

Eu fiquei com as doses, os discos, e uma camiseta velha, carregada do teu cheiro. Você ficou com meu coração, minha fé, e minha vontade de ver o mundo.

Eu perdi muito, entende?

Culpei todo o Olimpo por você. Fiz demais pra ter que lidar com a sua falta de coragem. Não me culpe da tua covardia. Covardia foi pular do precipício sozinha enquanto você analisava as dimensões da queda.

Me desculpe por ter cobrado tanto. Talvez eu nunca devesse ter insistido, você nem chegou perto de ser o que eu pensei. Não idealizei, pensei. Você sugere muito mais do que é. Feito presente de amigo secreto sem graça. Só a embalagem é bonita.
Cansei!

Essa é a máxima afirmação. Cansei de gente que acha que é o suficiente e não se esforça, não sorri, não conversa.

Só uma casca, uma moldura, uma embalagem. Cansei!
Mas sabe, eu quero essa culpa. Me dê! Sinta-se livre de sentenças e penas. Eu pequei desde o dia que te vi e desejei teu corpo sem roupa sobre o meu.

Pequei quando deixei o amor sucumbir ao ego, o tesão sucumbir ao desejo. A razão sucumbir a loucura.
Pequei porque, na verdade, nunca fui tua.
Menti.

Quando disse que seria fácil te esquecer. Como sou estúpida, não?
Pode rir. Adoro quando você ri das minhas idiotices intelectuais.
Eu tenho me afogado, dia após dia. Conheci inúmeras sensações. Provocadas por todo tipo de droga, desde pessoas, até outras tantas mais leves.

Nenhuma chega perto do barato que você me dava. Só de te olhar meu corpo arrepiava, saca?

Tai o crime.
Viciei em você, esqueci de mim.
Por isso o fim.
Agora vai, solta a minha mão! Me liberta dessa prisão que a gente chamou de paixão.
Até um dia!