é assim que é a vida

Quantas vezes você já amou?
Amor mesmo, sabe, aquele sentimento nobre que arde no peito.
E amor não tem nada a ver com relacionamento, na verdade, nos dias de hoje, o que menos existe nas relações é amor.
Amor, aquele sentimento genuíno, puro, aquele que faz com que a única coisa realmente importante seja o sorriso do outro, independente se ao teu lado ou não.

Amor, aquele sentimento que te faz bem, que te faz bom.
Lembra aquela menina da escola? Aquela de olhos negros e grandes, de franjinha e jeito tímido, lembra como você olhava pra ela e pensava “Nossa, ela é linda”, e ela te olhava e sorria? Lembra que você ganhava o dia?
Isso, é amor!

Lembra o menino que tu deu o primeiro beijo? Ainda novinha, num dia de sol, você enrubesceu! Ele segurou sua mão e sorriu. Um dia ele se mudou e você nunca o esqueceu.
Isso, é amor!

E às vezes o amor rasga feito pinga barata. Corrói feito ferro largado ao tempo. Mata feito tiro a queima roupa. Mas, ainda é amor.
Amor nada tem a ver com posse. Nada tem a ver com moldes pré estabelecidos por alguém. Amor é amar o outro pelo outro.
Se eu te amo, não quero que mude. Se eu te amo, eu te respeito.
Eu quero conhecer você, cada lado, cada aresta que te compõe. Se eu te amo, eu te admiro, eu te escuto, eu te encorajo. Se eu te amo, não preciso de rótulo, de status no Facebook, de aliança. Se eu te amo, só preciso te dar confiança.

Que hipotético, quase patético.
Quem ama assim? Não sei. Sinceramente, não sei nem se eu já amei.
Mas hoje sei de uma coisa: Às vezes uma noite, uma única noite com alguém especial, tem mais amor do que muitos casamentos.
Às vezes um beijo que rolou sem querer naquela amiga de anos, tem mais amor do que muitos namoros enfeitados nas redes sociais.
Às vezes a compreensão da garota que aceita o término, demonstra mais amor do que a perseguição daquela que não admite o fim.
O amor pode até doer, assim como a saudade ou a decepção.
Mas o amor é sua própria cura, tudo ajeita, tudo arruma.
O amor causa e desfaz a bagunça.

Ele é menino travesso, sem medo de ralar o joelho, de altura. É uma criança levada, curiosa, inteligente.
Ele erra, chora, mas aprende!
Quantas vezes você já amou?

2015-04-24 18.03.21

autor_kamila

sem perguntas ao amanhecer

Eu sei que tá tarde. Aliás, tá tão tarde, que a gente pode até falar que tá cedo. Eu to aqui deitado nessa pedra alta, to deixando esse vento gelado me arrepiar. To olhando de longe, como o meu casaco fica bom em você. Pode chamar de seu, se quiser. Pode me chamar de seu, também. Pode desligar o celular e dizer pras suas amigas que já chegou em casa e que tá tudo bem. Só senta aqui comigo, encaixa teu corpo contra o meu e deixa eu te abraçar até a hora que o céu mudar de cor, por favor.

É que com você do meu lado eu me esqueço de quase tudo. Sem dizer uma palavra você responde quase todas as minhas dúvidas. Sorrindo, você responde que a gente pode ficar aqui pra sempre.  Queria entender como você desaparece com todas as minhas perguntas apenas com um abraço. Talvez eu nem tenha tantas indagações da vida pra fazer. Ou talvez, você seja realmente a resposta pra quase todas as minhas dúvidas.

Talvez seja pelo fato dessa distância que insiste em ficar entre a gente. Dessa vontade que eu tenho de largar tudo por aqui e tentar começar a minha vida perto de onde você mora, toda vez que eu te vejo.  Você além de sumir com os meus medos, embola todo meu futuro. Queria poder descobrir qual é o segredo desse teu abraço. Que enquanto acalenta também pede carinho. Que entrelaça a minha alma na sua. Queria entender como a gente nunca botou nenhum lugar em chamas, se toda fez nossos olhos insistem em flamejar quando nos encontramos.

Mas acho que talvez, não houvesse mais motivos nesse mundo pra gente se desencontrar. Mesmo que seja mais fácil negar. É complicado. Mesmo que eu viva por uma estrada, parando bem pouco, só deixando que o sol ilumine e a chuva nunca possa me alcançar. Uma vez ou outra ela vai chegar. Pra refrescar uma memória, ou pra lavar uma mágoa. Uma hora ela vai alcançar. Muito calor faz chover. Por mais que a gente não saiba explicar, nos parecemos demais pra não respingar um no outro.

E sem fazer barulho e devagarzinho o sol apareceu pra nós dois. O dia vai começar mais uma vez e vamos cada um para um lado da estrada. Vou te prometer uma visita. Você promete que me liga quando chegar. Você quer ficar pra sempre no meu abraço. Eu quero poder te levar pra todos os lugares que eu ainda vou conhecer nesse mundo.  Eu me complico sozinho, você se diverte comigo. Vou embriagar minha saudade com doses da tua voz. E a gente vai marcar de ser feliz. Vai marcar mais um abraço.

E a gente vai marcar mais um amanhecer, só pra ficar um pouco mais juntos, mesmo que não faça sentido algum.

as

autor_jorge

eles são jovens

Mas ele era tão jovem, que nem ele entendia as coisas que ele mesmo dizia. Diferente dos outros, talvez só tivesse a segurança nas palavras. Era tão firme que qualquer balela na boca dele virava fantasia. Prendia. Mas não mantinha. E ele tentava esquecer. Mesmo isso sendo uma triste forma de lembrar um pouco todo dia. Pensava tanto nela, que quando não pensava tinha a sensação de ter esquecido algo no seu dia. Tinha passado o dia tão rápido, tão desatento. Que esqueceu de ter saudade. Seria inconveniente, se não fosse com a gente. Só que ela era jovem também, daquelas que fazem os homens perderem o prumo da conversa quando entram no bar. Tinha largado a casa pra conhecer o mundo. Jurou pra si nunca mais sofrer por ninguém. Juntou as roupas, fez uma mala pequena. Levou saudade e rancor no mesmo frasco, pra poder intercalar as doses dos comprimidos. Diferente das outras, tinha aquele sotaque carregado. Que era quase uma tatuagem na testa, em caixa alta e fonte reforçada dizendo: Não sou daqui, me explica essa tua vida? Ele na correria da capital, com a vida robotizada. Do horário pra entrar até a hora de sair, ele intercalava alguns minutos quando lembrava dela e queria ser feliz. Então ele mexe no celular, dispara alguns saudades tão vazios quanto a sua carteira. Algumas demoram mais que as outras, mas as respostas sempre vêem. Entre mais um abraço oco de amor, ele prefere a própria coberta nessa noite fria. Assiste um filme que ela provavelmente iria gostar. Espera o cansaço do dia vir busca-lo no sofá. Mais um dia dele, sem ouvir o nome dela. Ela sentada em um banco, por alguma praia no litoral. Aperta uma ponta, que em dias atrás não seria uma cena normal. Espera calada, que a fumaça, dessa vez, leve a lembrava dele quando começar a ir embora com o vento. De tudo que ela aprendeu com ele, o mais divertido era o pior lado dele. Lúdico, cheio de fantasias. Fugia do comum, era longe do real. Era diferente de tudo que já tinha passado. Passava longe dele, mas já era tarde pra fingir que ele era tudo que ela queria ser. Pelo menos agora. Foi assim que o destino mudou dois caminhos. Que andavam muito bem até se cruzarem. Tanto é que se embolaram por um tempo. Riscando algumas trilhas lado a lado. Ela queria ver as praias do mundo. Ele queria seu próprio apartamento. Ela cabia no colo dele e ele adorava acariciar os cabelos dela até ela adormecer. Ela queria ser feliz. Ele queria ser respeitado. Ela querendo ser conhecida e ele querendo anonimato. Combinaram que teriam uma vida mais feliz. Cada um do seu jeito. Ele com a suas doses de sumiço que ele vende como coragem. Ela tomando seus comprimidos todos dentro do horário, com suas doses homeopáticas de rancor, que levam o nome dele rotulado no frasco. Mas eles são jovens. Vai passar.

11158151_10204932025713496_1287337756_n

autor_jorge

Não, você não faz ideia

Eu acordava do teu lado e te via apressado recolhendo as roupas como quem tivesse uma entrevista de emprego.  Ficava lá, absorta, pensando estar te beijando numa mesa qualquer em Paris, tomando Moët, ouvindo alguma canção. A noite você vinha, numa quarta feira chuvosa, me beijava com sede, me comia com fome, me tomava com força. Depois ia, como se a mãe tivesse passado mal. E eu ficava lá, suada, nua, imaginando nosso beijo, exposto numa tela, no Louvre. Você ligava sábado e dizia que não podia, que brigou com o pai. Eu permanecia em casa, vidrada, vendo de olhos fechados nosso amor sendo exibido num outdoor em Nova York. Pois é, eu sempre criei situações. Sempre imaginei ações. Sempre esperei atitudes. E o erro foi todo meu. Quando soube que não era você comecei a fazer com que fosse. Eu nunca tive tanta certeza de amar alguém. Nunca estive tão certa de querer passar a vida com uma pessoa. E num passe de mágica depositei toda essa certeza em você. Toda essa responsabilidade pelo meu sorriso. Você era falho, era fraco, era um homem de momento. Comigo na quarta, com ela no sábado, com outra na segunda. Eu sempre que precisava. Elas, sempre que queria aventura. E eu, tola, te colocando nas cenas do meu filme, te tornando o cara do cinema, o mocinho da trama. Quando te vi de fato, entendi, não era você. Não éramos nós. Hoje eu danço em Paris, admiro as obras de arte nos museus e bebo em Nova York. Sozinha. Afinal, mon amour, eu sou a protagonista, a coadjuvante e a diretora da trama. Comigo só quem quer, quem não quer, não faz mal. Só depende de mim o final.

11119198_10204885357866829_785172076_n

autor_kamila

o show acabou

A gente acabou. Mais uma vez.
Mas depois de alguns dias lá estava a notificação de uma mensagem tua, mais uma daquelas “Oi, como cê tá?”
Eu tremia do pé a cabeça. Perdia o chão, o compasso, a estribeira.
Respondia um “Tudo certo e contigo?”, que significava “Tô morrendo de saudade, vem pra mim!”
Foda.
E você insistia em me usar como diversão momentânea.
– Te amo, você é a mulher que quero pra mim! – dizia.
Ai a gente saía, ia num daqueles restaurantes descolados, comia e bebia sem trocar nada além de olhares. Eu pensava o que fazia ali, e você, provavelmente, pensava no que viria depois e se valeria o valor do jantar.
Seus olhos não diziam nada além disso e eu me sentia uma coitada mendigando amor. Você estufava o peito e se sentia o dono da situação. Exalava uma superioridade babaca, tão babaca quanto eu me sentia. Depois de mais uma noite, mais uma diversão, levantava, colocava a roupa e partia. Provando o quanto eu era tola de acreditar que seria diferente, confirmando tudo que eu rezava pra que fosse mentira. Eu ficava lá com o coração sangrando, com a auto estima no chão e com o rosto nas mãos.
Ai você sumia, mais uma vez.
E eu continuava lá, atravessando as noites sem pregar os olhos, criando hipóteses mirabolantes sobre o que você fazia enquanto eu morria lentamente. Pensando como eu, logo eu, pude gostar de alguém que brinca com sentimentos, tão vazio, tão errado. Mas e daí, o amor não é mesmo um palhaço? Às vezes, ele é.
Taí, ótima comparação! O amor é composto de lirismo, de ingenuidade, de fragilidade. O amor é o palhaço em si, que se desnuda de máscaras e escancara sua verdade, se mostra nu, cru, e ri da própria sorte, ou desgraça. O palhaço é o amor em forma de piada.
Já te fiz rir o suficiente, não? Acho que sim.
Agora, fim do espetáculo, fechem as cortinas, aplausos!
Obrigada!
Mais uma mensagem:
“E ai, como cê tá?
Silêncio… Selecionar, excluir!
O show acabou e a gente acabou outra vez.
Pela última vez.

IMG_20150326_101059

autor_kamila

dança comigo mais uma vez?

Caso não controle minha vontade, eu vou tentar te chamar pra dançar, nem que seja pra gente debater. Pelo menos uma vez que seja. Pisa no meu pé, pois talvez seja isso que eu esteja precisando. De alguém que me coloque no chão, pra não ficar alto demais. Confiante demais. Pisa pra eu sentir o solo mais uma vez. Pra eu poder entender que o que se toca é mais importante do que se imagina. Cuidar é mais importante que correr. Pisa pra eu sentir que você ainda tá aqui. Junto a mim. Mesmo que me machucando. Dança comigo pois eu ainda escuto a tua risada no silêncio. E isso me tortura.

Vou tentar dançar uma vez só. A minha saídeira. Aquela que eu mereço. Dança pra pelo menos eu saber que é a minha última dança. Pra que pela minha última vez eu possa sentir você encaixando de uma forma tão perfeita, que a gente pensa que é o molde um do outro. Que combina. Em tanta coisa. Que até dá preguiça de contar. De músicas aos pratos. De domingo a domingo. Talvez eu quisesse que domingo fosse pra sempre. Quando ela pede só pra ser feliz e nada mais. Pra só continuar a lhe arrancar sorrisos. Por favor, alguém me diz como eu vou fazer essa mulher mais feliz, se ela já se olha no espelho toda manhã.

Sei lá parece que a gente nem dançou tanto. Parece que eu ainda não tinha aprendido direito alguns passos que você queria me ensinar. Eu não consegui te ensinar aqueles “meus giros”, que ficou pra uma próxima. Não que seja complicado, nem que seja diferente. Mas era tão bom, que dava medo de errar. Tava com medo de te atrapalhar. Não podia me perder assim, tão fácil. Tão contra a tua vontade. Sem um último suspiro com as testas encostadas e os joelhos em sincronia inversa.

Então pega a minha mão e me deixa puxar teu corpo contra o meu, pro teu ar fugir. Pras nossas palavras se confundirem com a respiração e a tua mão acariciar o meu rosto. A batida da música é a mesma do teu coração. Harmonizam perfeitamente com o meu. Parece até que a gente tava ensaiando um pro outro antes de dançar. Eu me perdia nas noites atrás de uma garota como você. Enquanto você desviava exatamente de garotos como eu nas tuas pistas.  Mesmo sem a gente nunca ter bailado antes, você me fez entrar no teu ritmo. Me fez voltar a dançar.

Dança só mais um pouquinho, pra gente tirar esse aperto que você deixou quando pagou aquela última conta. Ou quem sabe, logo menos eu possa pelo menos voltar a te ver dançar. Que eu possa juntar todos aqueles refrões que cantávamos um pro outro e fazer uma música nossa. Deixa-me acordar só mais uma noite com o peso do teu corpo deitado no meu peito. Dança pra eu não aceitar nunca mais um perfume que seja diferente do teu. Pra você não cochilar em nenhum carinho menor que o meu.

Só pra essa agonia passar, dança comigo outra vez?

9c9b788e4474365cdc8a9c5be8ea8642

 

autor_jorge

tua benção

Convoco teu time, cultuo teu santo, apoio teu candidato pra tentar entender. Nada faz sentido. Nada bate. Olho teu diploma e eu ainda nem busquei o meu. Meu olho avermelhado, tua unha de vermelho. Me orienta sem dizer uma palavra. Retiro minha senha na fila dos teus apaixonados e imploro um minuto da tua atenção. Você foi o meu maior presente que alguém um dia me trouxe.
Falei pra você ficar à vontade, você entendeu pra ficar pra sempre. Que bom que você entendeu errado. Como não te amar?

Tive alguns pesadelos na minha última noite de sono. Era uma sensação de vazio e de desespero. Toda vez que eu tentava lembrar do teu nome eu não encontrava ninguém. Quando eu tentava chamar por ti, minha voz sumia. Foi horrível. Nunca pensei que essa tua presença faria tanta falta nos meus sonhos. Vai ver que isso acontece pelo fato de você ter encantado cada dia cinza que eu passei na minha vida. Memória seletiva, memória emocional, você embaralha minhas memórias de uma maneira tão bonita que me faz até acreditar que você é tudo que eu penso. Talvez tudo que eu precise.

Antes de você, eu resolvia as coisas do meu jeito. Atrapalhado, confuso. Transparentemente embaçado, dando nó numa linha reta. Um jeito tão particular que batizaram com meu nome. Descobri que faziam o mesmo com o teu nome. Que tua palavra era disseminada. Que as pessoas dividem os olhares em tua direção em “quero pra mim” ou “quero distância”. Intenso mesmo. Descobri que não se discute algumas coisas nesse mundo: Política, religião, futebol e o teu coração. Até o dia em que eu ouvi as tuas palavras. Vi que elas encaixavam tão bem na minha boca que pareciam ser ditas por mim. Comecei a acreditar em destino.

Caminhei do teu lado. Por muito tempo e você nem reparou. Assisti graciosamente cada corpo que tentava te segurar sucumbir. Por cansaço ou por medo. Se é difícil dar um presente pra quem tem tudo, imagine o desespero de dar amor pra quem tem de sobra. Eu tenho vontade de carregar um espelho em cada desabafo teu que eu ouço. Pra ver se o teu coração se derrete com as tuas palavras. Menina, se tu soubesse o poder da tua palavra, você cobraria pra dar até um “bom dia”.

Igrejas escutam orações. Hospitais escutam preces. Igrejas abençoam. Hospitais curam. Você cura minhas feridas e revigora minha fé. Meu anjo da guarda trabalha em turnos, bebe do meu copo e pairou nesse mundo batizado com o teu nome. Já te agradeci e você nem começou a falar, meu bem. Mas levando em conta a quantidade de eras, períodos e fases que essa humanidade já viveu eu deveria agradecer todo dia pela sorte que eu tenho de dividir a mesma mesa que você.

Gosto de beber, gosto de azul e gosto de você.

Te amo/Amém.

angel

 

autor_jorge

eu fiz tudo

No começo você correspondeu às expectativas ou fingia muito bem. Mas eu, meu bem, também fiz teatro na escola da vida. Embora a culpa da expectativa seja minha, você achava que enganava e eu, dizendo que acreditava, mentia.

Mas não se vanglorie tanto do que sinto, o que vi em você foi o que eu vi, não necessariamente o que você é. Desculpe a projeção, desculpe por te fazer tão melhor do que você foi.

Eram os teus olhos que insistiam em me dizer o contrário. Eles que sempre me fizeram acreditar que, o que pulsava em meu peito perto de ti, não era em vão. Todas às vezes em que eu odiava te amar eram eles que me pediam, silenciosamente, mais tempo, mais paciência.
E eu sempre acreditei em olhares.

Muito mais que palavras, são eles que dizem a verdade.
Os teus olhos sempre deixaram bem claro o quanto precisavam de mim. De um jeito quase desesperador, como se eu fosse uma espécie de redentor.

Desculpa amor, eu não sou.

Foi tentando te salvar que me perdi e, antes de não saber como voltar, eu escolhi partir.

É, parece estranho, mas se nosso amor só é bonito quando estamos longe, permaneçamos assim. Se posso guardar de ti uma lembrança bonita, é só o que quero. Prefiro guardar o que me faz sorrir do que insistir, e tornar ferida.

E não pense que foi fácil pra mim, não foi. Nunca foi. Mas de que adiantava teu olhar implorar minha presença e tuas atitudes me repelirem feito água e óleo? De que adiantava lutar pelo amor, enquanto você o deixava escapar na tentativa burra de se manter ileso?

Às vezes não querer arriscar na esperança de evitar feridas, é a maior ferida que você vai carregar.

Não interessa o que tudo indica, não importa o que achem, pensem, falem. Não importa nada além do teu ímpeto, além do que teu coração grita. Se você quer, faz. Vai em frente, enfrente, arrisca.
Só vá embora quando tua luta perder o sentido, quando as possibilidades se esgotarem diante das tuas mãos.

Só vá embora quando tua ida não precisar de desculpas, nem de perdão.

Eu fiz o que pude, te dei tudo, por mais que você insista em achar que não, por mais que julgue o meu sentimento pela desistência e ignore o tempo em que esmurrei facas de dois gumes tentando ficar.
Não duvide de mim. Se quer saber mesmo, sem medo, em frente ao espelho, pergunte ao teu olhar…

A saudade dentro dele vai saber o que falar.

buwTxeLh0I

autor_kamila

Entende, menina

É que às vezes a gente erra pra se salvar, querida.
Foi assim quando você mandou aquela mensagem e ele não respondeu e, pensando com todas as forças que ele não tinha visto, ligou, e ele não atendeu. Foi assim quando você disse pras suas amigas que ele não fez por mal quando te ofendeu e, ainda, que ele estava fora de si quando te disse adeus.
Lembra das noites em que tua boca era inundada pelo sabor salgado das lágrimas? Pois é, o amor nem sempre é doce.
Mas a dor se fez necessária. E, mais que isso, se fez bem vinda.
Antes, durante todas as tuas insistentes tentativas de fazê-lo voltar, aceitou a culpa. Passava todas as horas do dia analisando minuciosamente a história, procurando indícios da tua falha. Você transformou o réu em juiz e se sentenciou a morrer, gradativamente, todo dia.
Difícil acreditar que não deu certo. Mas se olha no espelho amor, não fosse ele ontem, hoje não seria você.
Tua insistência em acreditar que ele tinha algo bom, mesmo provando o contrário todo dia, foi tua redenção.
E a certeza de que nunca vai passar foi jogada por terra no dia em que você acordou, levantou da cama como quem levanta da cadeira do tribunal absolvido e, ainda de olhos fechados, abriu mão.
Abrir mão nem sempre significa desistir, pode ser mais bonito que isso.
Pode ser se dar paz.
Entende agora menina, todos os teus erros não foram antes, nem durante a relação.
Teu erro foi amar quem não tinha coração.
Agora vai ser feliz, se joga pra vida, aproveita tua salvação!

XrKLo199Ll

autor_kamila

eu arrumo bagunças

Andei ouvindo por essas bandas, que disseram pra você ter cuidado comigo. Que eu tenho um papo bom e um bom gosto para misturar bebidas. Que eu costumo desaparecer sempre nos melhores momentos e que as suas amigas tem uma lista de motivos pró para aquele menino que sempre quis ter uma chance de te fazer sorrir. Que essa mesma lista na mão delas é de possíveis corações que dizem que eu desmanchei na estrada. Disseram que você está cavando a própria cova. E que as pessoas depois de tomarem algumas doses de mim, mudam. Não sei se demorei pra te dizer isso, meu bem. Mas tudo isso é verdade.

Cresci cercado do amor de uma mãe e de uma avó. Desde pequeno a minha casa tinha mais sapatos altos do que brinquedos. Desenvolvi uma queda natural por perfumes adocicados. Amadureci ouvindo o gosto musical das mulheres mais espetaculares que já pisaram nesse planeta. Demorei mais de uma década para ter irmãos. E olha só, vieram mais mulheres. Quis o destino que eu fosse cercado por elas, que eu aprendesse com elas. Aprendi tanto com elas que viciei. Cobro-me e não aceito menos do que elas. Mulheres, não meninas.

Aprendi com elas que nem todo humor precisa ser ácido. Que nem toda piada tem que ter dois sentidos. Que uma gargalhada me dá condições muito inferiores se comparada com um sorriso tímido, de canto da boca, que avermelha as bochechas. Desses que você adora dar. Li e reli manuais durante toda a minha vida, nenhum deles me dizia que machucar um coração era o caminho mais inteligente para ser lembrado por uma garota. Por isso os deixo quase sempre melhores do que os encontrei. Mas aprendi também, que quando os olhos não brilham é mais difícil de se esquentar um coração.

Então eu resolvi construir uma vida em resolver problemas que os outros não solucionaram. Encontrei amores despedaçados, sorrisos tristes e abraços de medo. Pessoas que não contentes em sair de casa, reviraram tudo. Vi amores injustos e homens covardes, que reviram a cama, bagunçam o cabelo depois destroem a casa. Só que quando saem resolvem deixar a porta aberta, para poder entrar e sair daquele apartamento cor de rosa chamado coração a hora que bem entender. Pois bem, eu conserto portas. Principalmente as que foram esquecidas abertas.

Não que eu implore por amadurecimento, mas me sinto feliz em fazer parte deles. Em poder quebrar alguns mitos de que podemos nos abraçar por todo um final de semana e bagunçar o teu lençol, sem espalhar para os amigos. Tenho um vício por bons jantares acompanhados de taças de vinhos e companhia nesses momentos são sempre muito bem vindas. Durmo pouco e dou atenção. Abro a porta do carro e tenho um gosto musical parecido com o seu. Gosto de quem vive o comum e deixa as diferenças de lado. Você gosta de dormir e eu gosto de ler. Quando eu terminar esse capítulo, te acordo pra irmos ao cinema juntos tá?

Não enterro sentimentos. Só prefiro preservá-los num mundo que a cada dia que passa se acostuma muito mais em destruí-los. Prefiro secar lágrimas do que ser o motivo delas. Prefiro você sorrindo ao invés desse bico. Gosto do seu abraço e parece que você gosta do meu também. Gosto da forma como você arrumou a bagunça que alguém deixou, enquanto eu ia dobrando tuas roupas que alguém amassou quando eu não estava por aqui. Gosto de quando você não pensa no final. Se isso é gostar de você, talvez eu esteja gostando.Ou então só gostaria de gostar de você pra sempre, mesmo que não seja junto.

Então é isso.

Eu conserto portas abertas, enxugo lágrimas e arrumo bagunças.

Pode me ligar quando quiser, tá?

cons

autor_jorge