E de uma forma sutil ele desenhou as curvas do corpo dela no papel mais nobre de cor amarelada que ele guardou para esse dia! Seu talento se confundia com o milagre daquele corpo escultural cheio de segredos, pontos e vírgulas. Os sinais eram apenas para que ele não se apressasse em desenhar e que ao mesmo tempo pudesse deslumbrar a luz que preguiçosamente começou a surgir da janela lateral clareando a pele morena jambo.
Ela se espreguiçava de maneira manhosa sem tirar os olhos do rosto dele. Isso tudo sem atrapalhar o artista e rapidamente voltava para a posição inicial. Ele por sua vez não sabia se retribuía ou se dava continuidade para aquele conjunto de obra de arte com sorrisos, olhares e respiração contida.
Com traços finos ele delineou cada detalhe do rosto nada delicado dela. Seu sorriso era sem jeito e provocador ao mesmo tempo para inspirar os mais belos contornos daquela caneta dourada que insistia em riscar aquela página amarelada.
Do rosto quadrado, dos olhos carregados de amor e da boca perfeita que entoava as palavras mais sinceras ele chegou ao corpo…Ah o corpo! Não existia nenhum mistério para ele que já a conhecia de outros sonhos, mas a cada olhar era realmente uma novidade que ele fez questão de retratar.
O resultado do desenho pouco importaria para eles. Aquele momento de silêncio, que só era interrompido pelos rabiscos, foi mais intenso do que o encontro da tinta negra de sua caneta dourada com o papel!