Quantas páginas são necessárias para aliviar o nó de uma garganta inflamada por palavras caladas e engolidas?
Quantas vezes é necessário calar para se fazer ouvir num silêncio que, de tão denso, faz mais barulho do que tudo que não foi dito?
Como perceber o infinito num mundo que transborda no raso, no fácil, no conveniente?
Seria diferente se conseguíssemos enxergar antes do fim, antes da luz, antes do depois. Mas não foi, nem sempre é possível fazer como se pensa, pensar como se faz, agir em concordância. Às vezes não sabemos como dizer, como se todas as palavras que colecionamos desde a infância perdessem o significado. Como se todos os vocábulos se tornassem insensatos diante do que queremos que outros saibam.
O mais importante é você.
Você sabe? Se baste.
Você disse? Se contente.
Você quer? Busque.
Mas o roteiro nem sempre condiz com a vida real, quase sempre esquecemos o texto e improvisamos numa cena derradeira, contando com a possibilidade de que a sorte nos olhe com cuidado e nos ceda um espaço. Nós dê confiança, nos mostre um caminho menos árduo, mais sereno.
Serenidade vem de dentro, e o mundo grita por todos os lados.
Como é bom depois de um dia longo repousar num abraço sem culpa, sem medo, sem explicação. Bom mesmo é ter razão de ser, motivo de acontecer.
E se não tiver, bom mesmo é inventar, criar, recriar.
Mais difícil que trocar, é consertar.
Mais bonito que sentir, é demonstrar.
Mais infinito que o silêncio que grita deve ser a vontade de se fazer ouvir sem precisar dizer.
Bonito, bonito mesmo é escolher todo dia você.
Olha, o céu está lindo lá fora…
Ele sempre está, e sempre nos mostra que, independente das cores, das dores, dos amores, existe um novo recomeçar.
Poderia ser ontem, mas pode ser já.