Eu poderia ter um namorado, um cônjuge, alguém…
Eu poderia estar pensando na decoração da minha futura casa e nas flores que enfeitariam a igreja onde casaria. Poderia anotar meus votos e as opções de nomes para os meus futuros filhos.
– Você já está na idade! – dizem alguns amigos e parentes.
E, quer saber, eu passei da idade.
Quisera eu ter descoberto antes a leveza das asas que me fizeram entender que, minha completude, reside exatamente na minha felicidade só.
Que minha liberdade, a descoberta de mim, não me permite mais relacionar-me com gente mediana de alma, com gente de coração primário.
Passei da idade, mas aprendi a tempo.
Tempo exato para viver por mim, e para mim, daqui em diante.
Tempo para amadurecer ideias, objetivos, fé.
Tempo para observar que o mundo que vejo é um reflexo de quem sou e, quando não gosto do que vejo, cabe a mim a atitude de mudar. Mudar o que posso, e nunca me omitir.
Quem dera eu que, anos atrás, tivesse percebido que determinadas pessoas não merecem nosso tempo, nem nossos ouvidos.
E, a maior consciência que me veio de brinde com os anos: Eu não me permito aturar gente pequena.
Meu tempo é precioso, a vida é breve, não há tempo a perder.
Eu não preciso estar sozinha, e quem disse que estou?
Infantil seria afirmar com tanta precisão que real companhia se habita em outro alguém por que, na verdade, eu nunca estive só.
Tenho bilhões de estrelas sobre meus olhos, milhões de árvores, pássaros, rios e mares para me abraçar, para pertencer.
É sozinha que melhor consigo Ser. É comigo que encontro real conforto, real fim de qualquer sensação de solidão.
Eu tenho duas mãos, uma para segurar a outra e, perceber assim, de forma tão simples, que nunca estive só.
E, se acaso me sentir só, pego minhas letras escondidas e coloco um L no final da solidão.
O Só com L vira Sol. Daí então eu faço uma canção, seguro minha mão, me aqueço no verão e escuto meu coração.
Reafirmo na prática que ele ainda bate sozinho.
Meu peito como ninho.
Feito passarinho.
Sozinho.
E preenchido.
Sorriso.