Que irônia do destino, minha pequena. Todo esse povo andando desorientado pelo mundo e eu diante da rainha de bateria mais bonita de todo esse carnaval. Sambando exatamente no meu ritmo. Sorrindo do começo ao fim da avenida que corta o meu coração. Eu encontrei o meu melhor ritmo quando tentava incluir minha percursão no balanço da sua voz. Nessa brincadeira de cores eu encontrei a melhor das combinações entre os nossos tons. A cor do seu cabelo harmoniza com os meus olhos. O seu sorriso ainda é a melhor ala de abre alas que o meu abraço pode ter. Eu consigo ouvir o seu coração toda vez que eu te abraço, parece até que ele é meu.
Tem esse pessoal que julga entender de amores, dizendo que essa época não é a ideal para a gente criar essa nossa ideia de amor eterno. Mas desde que eu me conheço por gente, minha pequena. Nunca escolhi o lugar onde eu sinto sede. Eu simplesmente sinto. Sacio a minha vontade quando posso. Eles só contam essas besteiras pro mundo, por nunca sentirem a garganta secar com a ausência do seu beijo. Eu tenho sede do teu carinho. Sede do teu abraço. Seja Natal, Carnaval, Reveillon ou Páscoa. A minha sede é tua, não importa a época.
Ontem, aqui no meu quarto, a gente fez um samba. Coisa mais linda. Cada passo que a gente deu entre a porta e a minha cama eram cheio de ritmo. Passadas perfeitas. Sem pisar no pé do outro. Foi ensaiado com o tempo. Com a vontade de aprender com o outro. No nosso samba, colocamos a fantasia no pé da cama, só pra poder apreciar a arte de uma forma mais natural. Nossos corpos colados eram inspirados em Romeu e Julieta. E nesse ano quando perguntarem qual era o nosso samba enredo, pelo menos os nossos vizinhos já vão ter decorado o nosso nome. As coisas nem mudaram tanto, parece até que a gente foi realmente moldado um pro outro. Eu encaixei seu samba em cada ala carente que eu tinha aqui dentro do peito. Você preencheu tudo tão bem que já pode chamar meu carnaval de seu. De uma forma tão inexplicável que julgam exatamente por não conseguirem entender. Coloquei meu coração num amplificador, só pra todo mundo ouvir. Nenhuma bateria conseguia acompanhar aquele ritmo. Quando perguntaram qual era aquela nota, respondi sorrindo: você.
Não sei quanto tempo essa bagunça vai durar, mas vou aproveitar todo dia como se fosse o último. Vou trocar o repique pelo barulho da sua risada, os confetes pelo seu carinho, a fantasia pelo seu abraço e o brilho das alegorias pelo seu sorriso. Vou descobrir qual é o caminho da sua felicidade e contruir o seu sambodrómo por ali. Começando numa escola de samba com o seu nome e terminando na porta do meu quarto, nem que pra isso eu precise suar sangue sambando.
É que é carnaval. Mesmo assim eu ainda me cobro muito, só pra te ver sorrir. Pequenina.