a gente não sabe de nada

Provavelmente eu estou errado e nem começamos a discutir. É bem possível que você também esteja, mas vai ser resistente. Eu vou te dar razão mesmo que você não esteja certa. Pelo fim da discussão. Você vai acreditar que eu estou fazendo pouco caso, mesmo sendo a primeira divergência que tivemos. Eu poupo energia por debates imaginários que eu já tive com você no meu chuveiro. Você me cutuca por estar acostumado com um confronto. A gente não sabe nada um do outro. Essa é a real.

É assim desde o dia que o mundo se descobriu do jeito que é. Eu chamo todas as minhas derrotas amorosas de conquistas. Você chama toda as suas guerras afetivas de amores. Agora sentamos na mesma de bar com os olhos marejados, cheios de feridas e com medo gigante de abrir novas feridas. Dentro do nossos olhos, nossas almas suplicam por um movimento brusco. Pra que depois de tantas pancadas, finalmente alguém as receba com carinho. Você é o abraço mais apertado que eu nunca dei, sabia?

Não dei por medo. Acho que não saberia explicar para os meus livros que os amores podem ser diferentes um do outro. Teria que rasurar o parágrafo que eu mesmo escrevi, dizendo que todos vão machucar seu coração. Você provavelmente daria um passo pra trás. Involuntariamente. O seu último abraço aprisionava, limitava o seu caminhar. Eu assistia suas grades amorosas, sem sair do lugar. Querendo ajudar, mas por traumas antigos ainda prefiro só assistir. Você grita por ajuda com os lábios quase costurados. Nossa conversa mais bonita formamos na nossa cabeça, por medo das respostas não agradarem tanto nossos ouvidos.

O problema é que eu te desenho no meu carinho todo dia. Você luta com as suas lembranças, toda vez que eu apareço com a minha risada. Eu conhecia o mundo inteiro antes de você. Mas descobri depois do seu sorriso, que você insiste em esconder, que o único pedaço desse planeta que me importa é o seu. Mas dele eu não conheço nada. Ou melhor, só conheço o seus desertos. Secos por uma ação do tempo. Carente de sementes de amor, suplicando para serem regados com um pouco de carinho.

Então do meu jeito atrapalhado, mas sincero. Eu tento irrigar suas plantas mais caídas. Peço pra você carinhosamente segurar a minha mão e me ajudar, para que eu não jogue água demais, onde o tanque já está cheio. Nem exagere na dose em uma folha só. Peço pra que você confie que eu vou errar. Mas vou te fazer sorrir e ao invés de chorar. Vou transformar todos os nossos erros em piadas. Que os meus amores inteiros sempre foram errados, por na verdade serem moldados para os seus vazios. Que diferente de tudo, nos continuamos rindo das nossas catástrofes e somos honestos em admitir que adoraríamos errar no amor mais uma vez. Desde que o nosso próximo amor leve o nome do outro.

É complicado quando a solução dos nossos soluços está tão perto da gente, que quase não conseguimos enxergar.

Mas ainda bem que eu uso óculos e ando enxergando você perfeitamente, mesmo perto.

Mesmo perto demais. Do jeito que você está.

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autor_jorge

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