Você é realmente mais do que eu havia pensado.
Desculpa, mas depois de tantos tropeços passei a não confiar em pedras.
A verdade é que durante a noite, sentada á sua frente na mesa, tomando aquele vinho exato, só conseguia fantasiar teu corpo despido.
Sentia leves arrepios quando, olhando teus lábios, imaginava-os dançado sobre meu corpo…
Enquanto esperávamos pelo prato principal eu me perguntava se você desconfiava que eu estava de lingerie nova. Será?
Parece desesperador, mas não era.
Era cuidado. Cuidado para que fosse assim, irretocável.
Quem sabe eu nunca mais te veja.
Quem sabe um dia eu acorde ao seu lado todos os dias.
Na verdade, nenhuma das duas opções me enrubesce ou me brilha os olhos.
O que me excita é esse momento, o agora.
Sobremesa.
Nota sobre mim: Não ligo para doces tipo chocolate e chicletes. Ligo para doces do tipo petit gateau e banoffee.
Depois do delicioso jantar minha imaginação criou asas – não expectativas – apenas rasantes mais abstratos.
Você abriu a porta do carro e minha vontade de abrir teu zíper aumentou consideravelmente.
Aquele momento em que chegamos na porta da minha casa e ficamos sem saber o que dizer enquanto nos olhamos se aproximava. E eu esperava que você me agarrasse e me beijasse como se fosse morrer amanhã.
Chegamos.
– Obrigada pelo jantar e pela companhia, foi incrível! – Silêncio. Você é incrível! – Ele disse com os olhos brilhando.
– Foi incrível mesmo! Eu que agr…. – minha frase ficou perdida no tempo para sempre, nunca mais será dita, nunca mais terá o mesmo timer, o mesmo efeito.
Mas aquele beijo…
Por um momento eu esqueci quem era e onde estava. Só conseguia sentir o movimento daqueles lábios sobre os meus, aquela língua desbravando minha boca, do céu ao fundo, a barba percorrendo meu pescoço e nuca e minha respiração perdendo o controle.
Abri a porta do carro sentindo um leve desespero para chegar o mais rápido possível em algum lugar abrigado de olhos alheios.
Você veio imediatamente atrás de mim e, enquanto eu procurava a chave na bolsa, tuas mãos invadiam meu vestido por baixo e por cima. Mal conseguia abrir os olhos quando senti a textura do meu chaveiro entre os dedos, rapidamente abri a porta e você a fechou com o pé enquanto soltava meu cabelo.
Caímos no sofá e ao mesmo tempo que eu desabotoava tua camisa você tirava minha sandália. Te segurei nos ombros e te virei no sofá, tirei teu cinto e abri o zíper.
Cueca boxer preta, perfeitamente discreta e infiel, já mostrava que você me queria. Estava firme, rijo, forte. E eu estava faminta. Queria você.
Foi a noite mais bonita e incrível e liberta da minha vida.
Como se tudo que nos recobre e esconde tivesse deixado de existir.
E permanecemos acordados até o dia amanhecer.
Eu poderia ter feito jogo, ter escondido minhas vontades e preservado meu desejo. Eu poderia ter perdido isso, não ter vivido essa noite, não ter corrido o risco…
Sim, eu poderia, mas é a minha vida.
Nada me permite maior liberdade do que meu poder determinante de escolher pra onde ir.
Para quem me entregar.
Com quem dormir.
No dia seguinte você me ligou e me convidou para outro jantar.
Obrigada por não me deixar em dúvida sobre nada e, mais que isso, por reafirmar minha fé.
Só precisamos parar de enfeitar quem não tem cor.
A gente só precisa se encontrar.
A gente só precisa de amor!