Me contaram que você tem um novo amor, me disseram que você sorri pra ela como nunca sorriu pra mim.
Eu senti uma pontada aguda no fundo do peito e, por alguns instantes, esqueci como respirar.
Olhei ao redor e percebi que o mundo inteiro estava vazio.
Estou sozinha, você não vai me levar em casa hoje…
Eu não te disse adeus, eu não te contei que, no dia que te beijei pela última vez, a beleza sumiu, a música morreu.
Agora o céu escureceu e eu não tenho certeza de que o sol virá amanhã…
Todas as minhas certezas me abandonaram e você nem me viu.
Ás vezes eu só queria seguir mas me pego andando em círculos, sempre volto pra você, sempre lembro do que sentia quando os teus braços eram o meu abrigo, não havia perigo e o perigo me abraçava tão bem…
Agora estou aqui, escondida e invisível enquanto você a beija, acredite, nada poderia me ferir mais.
Lembro que antes de você eu me sentia perdida, agora me sinto muito mais, como se nunca fosse achar o caminho de casa, como uma criança que volta sozinha pela primeira vez da escola…
Se meu corpo fosse de vidro e meus sentimentos possuíssem formas, todos sentiriam pena de mim. Poderiam observar meu coração lutando para continuar batendo. Fraco, exausto, quase vencido.
Veriam meus pulmões tímidos, cansados de processar o ar que mal recebiam, exauridos.
Se meus pensamentos fosses conspícuos, as pessoas me parariam nas ruas e me convidariam para tomar chá, talvez água com açucar.
Se minha cama pudesse, ah, eu tenho certeza, me abraçaria e faria carinho em meus cabelos enquanto diria que tudo ficará bem.
Se eu mesma possuísse controle sobre o que sinto, se fossem tais sentimentos concretos, arrancaria-os de mim e os jogaria no mar, pela janela do carro em algumas estrada desconhecida, quem sabe guardaria numa caixinha transparente para sempre lembrar de como eram e de como me faziam sentir…
Desejaria não ter coração.
Desejaria nunca ter te visto.
Tão trivial pra você, tão crucial para mim.
Eu continuo aqui, sozinha…
E nada pode me fazer companhia.