Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça agora, enquanto observava uma criança no colo de uma moça. – Olha só isso, tanta perfeição! E ai a gente cresce e para de enxergar o milagre que é podermos sentir tudo que sentimos e abrigar a vida dentro de nossos corpos. A gente cresce e esquece do principio fundamental da existência: Estamos aqui para fazer algo, algo que talvez não saibamos ainda mas, algo importante. Tal qual nossos ancestrais que inventaram a roda, a escrita, que descobriram a eletricidade, a gravidade, o cosmos.
Podendo fazer tantas coisas, tendo tantas possibilidades, o que nos leva a ter uma vida meia boca? O que nos faz preencher nosso tempo com coisas tão insignificantes, simplórias, burras? Tendo conquistado a liberdade que conquistamos, a inteligência, porque ainda insistimos em nos comportarmos feito seres irracionais? Não sei, se você vier comigo no raciocínio vai perceber que a maioria dos seus comportamentos também são meio estúpidos para alguém com um cérebro tão desenvolvido.
Concorda? Como você tem usado seus neurônios? Eu poderia exemplificar te lembrando o quanto você fica idiota quando encontra o ex na rua. Lembra? Pois é. Aquela cara de árvore, aquele desejo de chamar atenção, aquele teatro todo de “sou foda, forte, não tô nem ai pra você, foda-se, chegando em casa eu choro!” Que porra de evolução é essa que não deu em nada? Cadê Charles Darwin?
Me explica como pode ser tão involuntária essa regressão mental, por favor, eu preciso entender. Ah, outro exemplo: Sabe quando a gente chega na balada? Isso, arrasando. A gente entra parecendo angel da Victoria’s Secret, passos certeiros, roupa, maquiagem, cabelo impecáveis. Linda, absoluta, Absolut. Perfeito, extremamente seguras. Ai você vê aquele cara, é, aquele. Em 5 segundos toda a sua segurança escorre pelo chão e se esconde em alguma fresta indetectável. Novamente você está parecendo uma palhaça de circo, só que menos engraçada. Faz tudo pra chamar a atenção dele. Esbarra, sorri, olha, olha de novo, morde os lábios, cruza as pernas. O boy? Nem te viu. Trash, filme de terror. Imaginem um mundo onde as pessoas falam o que querem. Imaginou? Seria foda! Mas não, as pessoas preferem esperar que as outras adivinhem o que elas querem. Esse povo que sai de casa só pra ser admirado, nariz empinado, nem pega ninguém, mas todo mundo tá olhando porque é bonito, gostosa, peituda, qualquer coisa…
Eu penso o seguinte hoje: Quer? Vai na fé. Chega junto, fala de uma vez. Não eleve ninguém, não endeuse alguém por ser bonito, por ter um carro bacana, por ter grana, pense em algo menos efêmero. Goste de pessoas que te fazem rir, que te permitem o exercício da liberdade plena. Alguém que está ao teu lado por vontade própria, que não liga pra imposições da sociedade. Se interesse por pessoas que são bonitas por dentro também, que amam a vida, que transmitem coisa boa no olhar. Beleza passa, acaba, barriga tanquinho um dia não surtirá efeito, cabelos caem, pele enruga, você só é o que você sabe.
Você só é o que você é.
Quem é você?