Eu presto muita atenção nas coisas.
Então gosto de tentar fazer a leitura mais precisa de todos os movimentos do corpo. Do teu, principalmente. É engraçado quando explico aos outros que enxergo o seu caminhar, pela direção dos teus olhos. Quando conto que começamos uma frase já esperando que o outro termine. É estranhamente lindo.
A gente tem harmonia com o simples e eu aprendi nessa vida, que essa é a forma mais bonita de sintonia no mundo. Que não existe preço que pague sentir que nossos corpos se encaixam perfeitamente. Você ocupa cada espaço vazio que o mundo tenta colocar em mim.
Nessas horas eu não tenho medo.
Quando me completo com o seu corpo, todo vazio vira paz. E por mais que os cientistas afirmem com fervor que controlar o tempo é impossível, tenho certeza que você sempre anestesia o tempo quando está ao meu lado. Deixa meu relógio sem função. Ignora meu despertador e rasga minha agenda no meio. Passe o tempo que quiser comigo, pois sei que o mundo gira bem mais devagar quando você está aqui.
Parece tolo. Assim como eu, quando tento encarar o sol. Que ao encontrar meus olhos, me cega com luz por instantes. No clarão, minha trilha sonora passa a ser às ondas quebrando. Reabrindo os olhos na tua direção tenho um encontro com o teu sorriso.
E é impossível não sorrir pra ti.
Então a minha mudez faz piadas com infinito. Que tristonho, aceita a derrota para o amor nessa disputa pela eternidade. O amanhã é o maior destruidor do agora. É a contra mão da nossa simplicidade. E na verdade, amar é a coisa mais simples do mundo também. Difícil é em meio tantos sotaques, encontrar uma alma de gíria simples também.
Afinal, coração mudo não tem sotaque. Só toque, meu bem.