Eu soube que teria alguma coisa especial, quando as cores foram ficando cada vez mais vibrantes naquele dia. Diferente dos outros, não teve chuva. Não teve barulho de trovão e a janela lá de casa ficou aberta de propósito. Soube quando não me irritei com a minha bagunça. Quando as minhas roupas amassadas não arrancaram meu humor pela manhã, quando a minha toalha molhada foi ignorada (e reutilizada). Soube ainda mais quando a rádio tocava uma música que eu quase chamo de minha.
Soube, quando me disseram que a noite seria entre amigos, que não teríamos hora pra voltar e que poderia pedir o meu prato favorito mais tarde. Quando o meu telefone tocou dizendo que todos estariam prontos no horário e que hoje eu quase acreditei que ninguém fosse atrasar. Soube quando antecipei a minha passagem de avião e voltei antes do que eu pensava pra minha cama. Soube que seria bom quando me contaram que cruzaria seus olhos naquela noite.
Quando a nossa risada era em sincronia mesmo quando mal conseguíamos escutar o tema da pergunta. Quando nossos olhares conversavam durante a noite enquanto nossos copos secavam. Soube quando sua cabeça repousou sobre o meu ombro durante a noite e entrelaçou teu braço no meu. Soube quando olhei o nosso reflexo pela janela e descobri que adoraria enquadrar aquela imagem para resto da vida.
Soube ainda mais pela nossa caminhada com as mãos entrelaçadas e conversa em harmonia. Percebi pela forma como o seu carinho percorria a tatuagem do meu braço e como o sofá moldava o nossos corpos perfeitamente. Arrepiava com as nossas conversas em voz baixa para não atrapalhar o filme. Soube que era você, quando percebi que torcia para que suas histórias não tivessem fins, só pra eu não ter que parar de ouvir a sua voz no pé do meu ouvido. E por Deus, como isso era bom.
Soube, pois nossos corpos dançavam sem música e numa das coreografias mais bonitas que eu já assisti. Soube quando invertemos o tempo e as horas se tornaram segundos, enquanto eu orava para que os minutos durassem dias. Pois nossa mão entrelaçava dormindo e você sonhava sorrindo. Soube quando admirei o seu descanso com o mesmo brilho no olho de quem avista uma cidade nova da janela do avião. Soube quando seu nome começou a me causar arrepios.
Mas só soube disso tudo, pois você deixou que eu fosse exatamente tudo o que eu sempre quis.
E a gente sabe que é amor, quando alguém faz a gente acreditar em nós mesmo, de uma forma que ninguém entende.
Afinal, só a gente sabe.