No último ano, a Teoria da Relatividade completou 100 anos.
Ou seja, em 1915 um homem incomum e bastante singular chamado Albert Einstein enxergou coisas jamais percebidas antes. Claro que eu confio na ciência, sou bióloga, não posso ignorá-la para satisfazer meus ideais abstratos, mas, por outro lado, eu não entendia direito a teoria da relatividade até conhecer você.
Na verdade, na verdade mesmo, não sei bem explicar.
Não através de fórmulas, não através de experimentos.
Eu posso explicar te contando detalhes que não te deixei perceber.
Eu lembro da primeira vez que vi você. Aonde foi? Isso eu não preciso dizer.
Me lembro também de quando nossos olhos se cruzaram e eu senti um frio estranho percorrer minha espinha. Não conseguia entender como alguém que eu nem conhecia podia causar em mim tais sensações, estranho como nosso corpo ás vezes age independente da nossa razão, ao mesmo tempo que eu sentia vontade de chegar mais perto, sentia que não.
Passados o medo e a dúvida sobre o que tal frio na espinha representava, estreitamos a relação devagarzinho, a partir daí comecei a compreender melhor o que o famoso físico nos mostrou há 100 anos atrás. O tempo é relativo, muito mais do que sugere a teoria. Sabe por que? Porque aquela noite passou mais depressa do que os raios de luz solar encostam na janela de manhãzinha…
Eu te olhei, senti teu cheiro, a textura do teu cabelo entre meus dedos, o teu abraço envolvendo todo meu corpo como se nada no mundo pudesse me fazer mal, e pronto, o sol apareceu e nos deu bom dia!
A noite passou sorrateira, como criança levada fugindo da bronca dos pais, e o dia chegou bem quietinho, com medo de interromper o que havíamos começado! E quem diria? Quem diria que o tempo passaria tão depressa e te deixaria aqui, tão presente nos meus pensamentos, nos momentos mais improváveis do dia?
E quem disse que alguém precisa saber para legitimar tudo que despertou aquele dia?
E quem disse que precisamos de status no Facebook, aliança no dedo e fotos no Instagram para provar algo para alguém?
Sabe o que eu acho mais bonito nisso tudo? Vou te contar. Ainda que nossos olhos nunca mais se cruzem, ainda que eu nunca mais sinta a proteção do teu abraço, ainda que meus lábios nunca mais percorram os teus, eu vou lembrar…
Porque lembrar é o mais perto de viver que podemos chegar.
Eu vou lembrar porque a lembrança do teu sorriso me faz sorrir.
Mesmo que você não esteja aqui.
Agora, peço licença. Vou me preparar para o massacre do tempo enquanto ficarmos longe.
O tempo é relativo, não é querido?
O carnaval passou.
O ano começou.
E nós?
Continua ou acabou?