São apenas desejos sinceros, rabiscados num papel amassado pela oitava vez. Sentimentos que devem parte de sua coragem aos copos de vodka que estão espalhados pela casa. São sentimentos e agonias reprimidas por um corpo que insiste em vender uma armadura que talvez eu nunca tenha vestido. Mas um corpo respeitado. Que não se curva diante de qualquer situação e que ainda tem como a capa preferida do seu uniforme o orgulho. Te escrevo sozinho. Lhe desejo uma companhia. A minha.
Palavras de alguém que rolou na cama durante toda a madrugada, procurando alguma forma de trazer pro espaço vazio dela. Pra colocar você na minha rotina matinal. Você com teus pés descalços caminhando pela casa. Esperar o ranger do piso de taco ir aumentando o barulho, até que você chegue na porta do meu quarto. Vestindo a minha camisa jeans que na noite passada eu carregava na cintura. O cabelo preso numa desordem e óculos escorrendo pela ponta do teu nariz. Nem precisa falar nada. Já sei que o dia vai ser bom começando assim.
Levantar numa manhã de quarta, atrasado pro trabalho. Mirabolar alguma desculpa fútil e poder perder mais alguns minutos te amassando dentro de um abraço. Ouvir você me chamar de louco por querer mais dez minutos bagunçando meu lençol. Por querer te encontrar sentada no meu sofá, com tuas pernas cruzadas e aquela xícara amarela quando eu voltar hoje. Amanhã. Sempre.
Comprei aquele chinelo que você achou fofo, naquela tarde que antecedeu uma noite em que você reclamou das dores que teu salto lhe causava. Deixei um do lado do outro. Por irônia. Por destino. Por irônia do destino. Que me faz decorar cada detalhe do teu rosto e mesmo assim não te ter aqui do meu lado. Esse destino brincalhão, que me fez crescer adorando as mesmas coisas que você. Só pra quando a gente se esbarrasse na vida eu quisesse segurar tua mão pra sempre. E é exatamente assim que eu estou.
Errando o nó da gravata por me desconcentrar numa saudade sua. Que eu rezo pra poder bater nesse teu peito também. Uma saudade diferente. Uma que arde, queimando o resto de razão que me falta. Torcendo pra te encontrar descendo na hora do almoço. Pra gente falar duas graças um pro outro e sorrir. Só pra que eu possa te colocar dentro do meu abraço uma última vez. Pra jurar que eu vou te fazer sorrir todos dias, enquanto eu tiver forças.Te fazer feliz até você cansar.
É que parece loucura, mas menina, absolutamente tudo que me faz bem eu quero batizar com o teu nome. Eu te quero em todo lugar, óbvio que eu te quero pra sempre. Vamos tentar?