eu não tenho medo

Eu não tenho medo. Já tive, hoje não.
Lembro daquele dia em que não quis sair na rua por medo da chuva, de desfazer o penteado, escorregar, cair do salto. Por isso, não fui. Ainda houve aquele outro dia, no ano seguinte: Eu me sentia velha, não queria trocar a cama, os livros e a segurança do meu quarto por algo inesperado. Me guardava sem saber pra que. Ou pra quem. Embora o amor e todas as suas incertezas ainda me assustem, metades me apavoram. Hoje gosto de eternidades. E o meu conceito de eternidade tem menos a ver com tempo do que insinua o dicionário.

O eterno pode ser apenas um olhar, algumas horas, até o fim da vida.
Amor é carnaval! A comissão de frente deve ser anúncio de maravilhas. Sozinha, não tem valor.  Não estraga. Por favor. Se teu olhar for seguro, eu seguro tua mão feito porta bandeira: com firmeza, certeza e felicidade explodindo pelo sorriso, pelo semblante.

Eu te percorro com a boca! Feito samba enredo eu te canto, e cedo ao teu encanto sem receio do final.
Afinal, meu bem, o carnaval chega ao fim, claro que sim.
Quarta feira de cinzas vem pra mostrar que o melhor, o mais bonito, o mais intenso, também pode acabar.

Mas não tenta me enganar, ludibriar minha visão. Eu sigo teu ritmo, embalo no teu samba, te deixo tocar meu coração.
Viro tua passista, destaque da tua escola, rainha da tua bateria.
Só peço que seja leal durante o nosso tempo na avenida.
Eu posso até pular carnaval sem me importar com a chuva. Mas depois, meu amor, vem o frio, e este, é impossível de ignorar.
Não seja chuva, seja alegoria que enfeita minha vida, vai embora da avenida mas, alguma coisa, sempre fica.

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autor_kamila

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