eu não cabia no seu peito

Eu paro por aqui pelo meu próprio bem. Pelo nosso bem. Paro até mesmo pelo seu bem, que nos próximos dias você vai chamar de amargura. Mas paro para poder lembrar bem desse teu sorriso de malandro, desse seu cabelo bagunçado e desse abraço caloroso que você tem. Vou fingir que não estou enxergando essas atitudes infantis que você tem tratado como normal. Paro pra você me chamar de imatura, mas lá na frente entender que ninguém merece teus surtos.

Eu me encantei gradativamente por você. Por mais que teus olhos azuis fossem um atalho para toda a perdição eu realmente fui me encantando as poucos. Primeiro foi a mão na cintura quando nos apresentaram. Me pegou firme, me puxou junto ao corpo. Um beijo na face e um abraço firme. Encaixou perfeitamente todas as minhas peças sem encaixe. Mas você poderia me avisar no começo que depois de um certo tempo de uso, eu passaria a deitar na tua cama ao lado do homem perfeito e acordar com um garoto de seis anos. Mimado e birrento.

Já não tenho mais paciência pra inúmeros jogos nessa vida: A tranca da minha avó nos domingos, os que me enviam vidas pelo Facebook e os teus. Queria que você vestisse essa armadura que você usa nas baladas quando estivesse um final de semana todo comigo. Esse homem seguro e que sabe um pouco de tudo. Que me enchia de filmes e beijos, não o que me enche o saco.

Você bate a porta da minha casa e eu bato a porta do teu carro. Eu escrevo pra revistas e você ainda marca com giz a parede de casa quando alguém resolve se medir. Eu exponho as minhas idéias e formas como eu vejo o mundo. Você prefere expor a nossa felicidade como se fosse um roteiro de viagens. Eu ainda ando preocupada com o conteúdo dos comprimidos e seus efeitos colaterais. Você só quer um bom rótulo que já está bom.

Eu enxerguei seu coração de longe. Tentei preenche-lo, só que eu era grande demais. Tentei repousar em você, mas você amanhecia pequeno. Gritei mas você não ouviu. Chamei e você não olhou. Te olhei por fora e não te alcancei. Tentei entrar e te transbordei.  Desculpe querido, eu não cabia no seu peito.

Um dia você cresce.

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autor_jorge

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