feliz natal, sumido.

Já não sei exatamente quanto tempo faz do teu silêncio. Mas hoje, no meio do emaranhado de números que somados eu já sei que o resultado é simplesmente uma boa dose de saudade, eu contei uma piada. Não foi uma boa piada, nem uma piada muito ruim. Foi aquela piada, que você sempre fechava a cara quando eu ia contar. Que você não achava graça alguma e eu ria da cara de bravo que você fazia. E então eu contei, ninguém sequer esboçou um riso. Até que uma gargalhada veio do fundo da mesa, parecia muito com a sua, o que eu tenho de admitir que me arrepiou de ponta a ponta.

Só que não era você. Aliás, já fazia um bom tempo que você não sentava na mesma mesa que eu. Não dividia as mesmas piadas. Só que eu tolo, preferi não acreditar que você estava se afastando. Mantive minha postura de falso sonso, daqueles que só vão deixando as coisas acontecerem pra ver aonde elas vão acabar dando. Fui dando toda a corda do mundo pra ver até aonde você iria deixar. A minha corda acabou, você juntou alguns troncos de madeira, amarrou com a corda que eu lhe dei e partiu sem olhar pra trás em momento algum.

Eu admiro o quão decidido você é com as coisas da vida. Acho que eu só gostaria que você escutasse um pouco mais quem está na sua volta. Sei bem que você gosta muito de falar, fala pra caramba e faz na mesma proporção. É fantástico. Acredito ainda que você tenha muitas coisas pra mostrar para o mundo, mas o seu próprio ego não deixa. Pedir desculpas não te rebaixa, pelo contrário te faz crescer, saber dar a mão pra quem aos poucos está se perdendo é um ato nobre.

Mas eu queria que você soubesse que eu tô feliz pra caralho por você, mesmo que desde que você começou a caminhar sem a minha companhia eu ainda te acompanho de longe. Andei vendo algumas das tuas últimas novidades, parecem bastante com aquelas baboseiras todas que eu azucrinava o seu ouvido. Você ainda segue com o mesmo sorriso meio prepotente meio arrogante. Mas é notório que hoje conta para os outros, aquelas histórias que eu um dia te contei. No mundo da arte chamam isso de referencia, eu prefiro chamar de uma velha amizade.

Passamos da idade de pegar na mão do coleguinha pra caminhar pela rua e é bem provável que nunca mais sentaremos na praia esperando o sol e a chuva oscilarem seu espaço sobre nossas cabeças. Vou aproveitar a distância e dessa vez vou tentar abraçar você apenas com as palavras. Hoje pode realmente parecer que não, mas eu te quero muito bem, muito mesmo. Só não sou besta de sair por aí perguntando de você. Sabe como é né? Quem tem o dom de fazer o bem e ensinar até quando está em silêncio, consegue ser feliz todo dia sem fazer esforço algum. Máximo respeito, todo o sucesso do mundo pra você ainda é pouco, irmão.

Feliz Natal, sumido.

image

autor_jorge

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *