Larguei tudo o que eu tinha aprendido nessa vida quando você chegou sorrindo naquela sexta. A gente sempre pensa que o mundo já apresentou todo o tipo de gente. Quando apareceu naquela noite exatamente pra esfregar na minha cara que o tipo de gente que eu precisava colocar na minha vida, era gente como você. De sorriso fácil, com o coração enorme. Desses que parecem que quanto mais gente entra ao invés de lotar fica mais espaçoso.
Eu tentei não falar muito naquela mesa, pedi diversas vezes para abaixarem o volume do rádio, só pra poder ouvir um pouco mais a sua voz. Até a hora em que você soltou seu cabelo, não sei se um dia te falaram isso, mas você deveria ser proibida de prender teus cachos. Contornam perfeitamente os traços do teu rosto e me fazem acreditar que eu ainda posso aprender a desenhar algo tão bonito quanto você.
Queria entender o motivo de quem escreveu a minha história demorara tantos capítulos pra colocar o seu personagem no caminho do meu. Talvez já soubesse que todos os versos seguintes daquelas páginas seriam destinados pra ti. Incrível como a cada momento que nossos olhos se cruzam eu fico avermelhado. Você sorri como se tudo fosse proposital, até a hora em que se levanta e vai dormir. Eu fico sozinho, ouvindo o teu silêncio em todo lugar.
Amanheço num outro dia já te procurando. Sou assim mesmo, afobado, intenso. Parece que todos os meus livros só tem uma página a mais da que estou lendo. Não quero que ele acabe. Sinto saudades tuas e nem te conheci. Sento na borda da piscina e afundo meus pé, a falta dos óculos me faz contrair os olhos. Até que sua sombra me protege. Seu sorriso me dá bom dia, me oferece teu copo e pergunta se eu dormi bem. Lembra dos capítulos que a gente tinha? Então, nesse eu já estou te amando e você nem sabe.
Minha tarde foi dividindo você com a atenção de todos. Ciúmes das histórias que contavam de ti e da forma que você gargalhava. Apreensivo ouvia suas viagens pelo mundo, olhos brilhando e vidrados numa vontade fantástica de simplesmente viver a vida do seu lado. Você se enrola na toalha enquanto sai da água, diz que vai arrumar suas coisas pois precisar ir embora. A tal saudade do que eu não conheço voltou. O amor ficou confuso e o ciúme quase me cobre de perguntas que eu nem sei como começo a fazer. Você dá tchau pra todos, me cruza no caminho da porta e me abraça. Diz adeus e que foi um prazer me conhecer.
Meu amor, o prazer é todo meu, só vai começar a ser seu, quando eu conseguir te fazer viver metade do “felizes para sempre” que eu já escrevi pra nós dois.