toma café comigo amanhã?

Calma minha pequena, não vim até aqui depois de tanto tempo pedir pra você ficar. Eu só apareci por sentir sua falta. Quando você se foi da última vez eu tinha prometido pra mim, que não correria atrás para entender essas despedidas sem sentido. Acordei com seu beijo na testa, apenas retruquei seu adeus, me ajeitei no travesseiro e me aninhei pela cama toda já que você não estava mais por ali e voltei para o meu sono. Inconscientemente eu agradecia que você não iria mais me interromper nele, mas acho que o meu suspiro de alívio, foi na verdade por não ter de te encontrar no meio das viagens que faço nele.

Passei naturalmente por todos os outros dias sem tocar no teu nome, sem ouvir a tua voz e juro, eu estava assustadoramente bem com isso. Abracei os mais diversos corpos nas noites que vieram depois daquela manhã que você se foi. Em algumas delas, eu até gostava mais do abraço do que da própria voz da pessoa. E fui seguindo a vida normalmente como todas as pessoas desse mundo. Tinham as que vinham pelo drink, que vinham pelo papo. E conforme bailavam as luas, algumas conversas terminavam com o endereço delas em um guardanapo.

Mudavam os nomes, as vozes, mas vez ou outra eu me deparava com rostos diferentes que vinham acompanhados do teu nome. Longe de mim, julgar o livro pela capa, mas qualquer tipo de trecho que viesse depois do seu título, tinha uma atenção diferente dos meus olhos. Era como se eu quisesse extrair daquela minha leitura referências suas. Como se eu quisesse enxergar teus atos e outras peças. Foi nessa hora que eu reparei, que nossos corações desritmados começaram a tocar as mesmas notas numa harmonia perfeita. Eu tava sentindo a tua falta, desculpe o linguajar, tava sentindo sua falta pra-ca-ra-lho.

Mas eu não montei num cavalo branco pra cruzar os sete reinos enfrentando fábulas e lendas. Só te liguei e você atendeu. Minha voz de “moleque que quer aprontar” fazia sua gargalhada de menina “que tava me esperando ligar”. Meio nervoso, com as mãos transpirando um pouco, tentava não tremer minhas cordas vocais no mesmo ritmo que as minhas pernas descompassavam embaixo da mesa. Provavelmente seria atacado com uma gagueira descomunal. Não conseguiria pergunta se você estaria sem planos no final de semana, também não teria comemorado como um gol de Copa, quando você disse que poderíamos nos ver.

Por isso eu só queria dizer que nesse tempo, minha cama fica excelente sem você. Ou seja, que sentiu o seu buraco não foi ela. Foi o meu peito. Nem adianta me olhar com esses olhos esverdeados e guardar esse riso contigo. Você sabe que foi praticamente moldada para o meu abraço. Sabe também que por diversas vezes eu conversei com a sua foto ao invés de falar com você. Desculpe. Deixa minha maturidade de lado, deixa seu orgulho também. Desculpa demorar tanto pra entender que você é sinônimo de eu. Fui lento demais pra entender que essa distância toda que é o antônimo de nós.

Mas e ai, toma café comigo amanhã?

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autor_jorge

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