por mais dias assim

Se eu pudesse fazer um pequeno pedido. Gostaria de pedir mais dias como o de ontem. Juro. Dias em que o sol nem aparece direito, meio que de ressaca, meio que por preguiça. Mas que mesmo assim com tanta luz vinda das pessoas, que chega a cegar os olhos sensíveis, aquecer os corpos sozinhos e iluminar os caminhos que pareciam meio confusos. Dias que começam quando seus olhos abrem pela manhã e se encontram com o motivo do seu sorriso da noite passada. Dias que as todas as conversas se encaixam perfeitamente em tempo e versos. Parece que tudo é tão harmônico que parece ensaiado. Dia em que parece que seus problemas desaparecem. Sem atritos, sem ruídos. Dias que tem a mesma duração que os outros, mas que de tão leve passa tão rápido.

É um pedido singelo, por dias onde as pessoas se encostem mais umas as outras. Que o almoço seja feito a quatro mãos, que o molho de tomate seja passado no nariz dela, que ele quase queime o arroz, pois vai perder mais tempo do que deve beijando-a. Dias em que o silêncio não vai ter um segundo pra te deixar pensar no que não te faz bem. Por dias em que o peso do mundo não está todo nas suas costas, porque você não está sozinho pra carregar. Dias em que as garrafas de cerveja não param de chegar em nossa mesa. Dias em que as gargantas clamam por um gole de tão secas. Dias em que o barulho das risadas seja maior que os gritos de dor.

Dias em que a noite vem devagarzinho pra durar mais. Dias pra dizer que é romântico, sem perder o desapego. Dias pra se entrelaçar as mãos. Dias em que a lua aparece bonita, cheia e luminosa pra todo mundo poder apresentar ela pra quem merece. Ninguém é dono de ninguém, mas todo mundo se acha dono da lua. Então apontam, cantam, doam, dedicam. Mas se tem lua pra todo mundo, tem que ter amor pra todo mundo também. Dias em que tem carinho, que tem abraço longo, que tem paisagem bonita ao som do vento. Dias que a gente esquenta o corpo com outro corpo. Dias que o telefone toca e a nossa voz some antes de dizer alô.

Por dias em que a gente teima em dizer que foram mais curtos. Por dias onde tiramos fotos que temos vontade de enquadrar depois. Por copos que não esvaziam e por sambas de roda que tocam até o dia clarear outra vez. Dias em que a churrasqueira não apaga nunca, que os vizinhos não reclamam e a piscina gelada transborda de tanta gente feliz que tem dentro. Que o carvão não apaga, que o gelo não seca, que o calor não amansa, que a vela está sempre acesa, que a música nunca abaixa e o violão parece que já toca aquelas velhas músicas sozinho. Por dias em imploramos que não se acabem.

Por mais amores, por mais amigos. Por mais amores amigos. Por mais dias assim.

autor_jorge

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