Me peguei pensando no simples. Em querer sair dessa rotina que o mundo impõe. Sentar em uma pedra mais alta. Ficar apenas deixando a brisa bater, clarear as ideias. Aguardar apenas o sol se pôr. Poder admirar tudo isso ao seu lado. Ouvir você reclamar baixinho do frio que vem com o vento. Querer te vestir com o meu casaco. Você recusar, mas não por muito tempo, para depois se proteger nele. As mangas maiores do que seus braços, escondiam suas delicadas mãos. Te observar se aninhar nos meus ombros, quase toda coberta pelo casaco preto que passa sua cintura e te agasalha como um grande vestido.
Por falar em roupas minhas, que lhe caem muito bem, gostaria de te lembrar que a melhor roupa pra cobrir suas curvas quando você se levanta da cama é a camisa que eu usei na noite anterior. Seja ela qual for, independente de cor, tamanho, estilo ou botão. Um combinação harmonicamente perfeita com seus cabelos presos de forma emaranhada. Adoro os momentos pelo café em que a sua franja não obedece suas ordens. Ela cai suavemente sobre seu olho. Você tira. Ela volta, você torna a tentar se livrar dela. Até que pela terceira vez ela volta. Você sorri sozinha, assopra pra cima apenas parar avisar que ela vai ficar ali e você não liga. Que diabos. Maldita proximidade que ela tem com seu rosto toda manhã. Não me importo com muitas coisas no início do dia. Mas invejo algumas coisas pela manhã: Como alguém de bom humor e a quantidade de vezes que a sua franja pode tocar seu rosto durante o dia. Simples assim.
Tenho que confessar também. Você deveria ser proibida de olhar para trás sob os ombros sorrir tímida. Sério. Não tenho emocional para aguentar isso por muito tempo. Algumas vezes no decorrer do dia, tenho vontade de correr até onde você está, sem que você saiba. Deixar nossos ombros se tocarem e quando nos olhássemos sorriremos, dizendo que não acreditamos o quão engraçado é o acaso. No caso, o acaso sou eu. Vejo respostas em você, de perguntas que eu ainda nem sei como fazer. Você sabe exatamente como arrepiar todo o meu corpo com o toque das suas mãos. Parece ser tão fácil, que acredito que você tenha meu manual de instruções. Seu corpo deitado, se molda perfeitamente ao meu deitado. Se isso não é o destino dizendo que a gente se completa, talvez seja ele falando que a gente se encaixa perfeitamente. Simples.
Escreveria um livro para você. Escreveria também um livro pra explicar o que eu sinto quando você cruza o meu caminho. Meu maior problema é que mesmo que eles fossem dois exemplares separados eles seriam tudo. Tocante, delicados, apaixonantes. Só não seriam simples. Paixão talvez seja isso. Tão complexo e tão simples. Tão intenso e tão brando. Você me faz perder todas as palavras do mundo quando preciso te descrever, mesmo que esteja com um dicionário nas mãos. Acredito que um dia eu possa lhe trazer uma simples flor da sua cor favorita. Mesmo que tenha que buscar nas montanhas mais altas, de algum país que ninguém coloca no roteiro das viagens. Mas para que ela simplesmente chegue até suas mãos. E faça você sorrir, por mais simplório que seja. Simples entender que eu amo você. Simplesmente por você ser assim, simples.